Francisco de Assis Pereira - O "Maníaco" do Parque

  A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: estupro, violência contra a mulher, necrofilia e assassinatos em série. Não é indicada para pessoas sensíveis e é recomendada para maiores de 18 anos. 

Tinha alguma coisa dentro de mim. Uma vontade. Eu não sei que vontade. Era uma vontade. Uma vontade de alguma coisa, e eu saia, como se fosse pra caçar alguma coisa. "


Francisco de Assis Pereira, nasceu em Guaraci no dia 29 de novembro de 1967, era o filho caçula de Maria Helena Pereira e Nelson Pereira e irmão de Luís Carlos Pereira. 

 

Teve uma infância marcada pela pobreza, pois seu pai era um pescador simples de Guaraci, cidade do interior de São Paulo, e não conseguia fazer dinheiro suficiente para proporcionar uma vida de luxo a família. Chico adorava pescar com o pai e fazia pequenos trabalhos que aparecessem para conseguir dinheiro.  

 

Ele também relatou em uma entrevista tempos depois, que ficava desde menino em um matadouro observando os bois serem abatidos e ainda demonstrou como eles caíam mortos no chão e o quanto aquilo o deixava impressionado. 

 

Entre os 17 e vinte poucos anos, Chico começou a desenvolver uma paixão por patins, então passou a ir com frequência para São Paulo capital patinar com um grupo de amigos. Ele era excelente com os patins, tanto que ficou conhecido como "Chico Estrela" entre os artistas de rua que patinavam com ele no Parque Ibirapuera. 

 


Depois de um tempo, ele se mudou para São Paulo e conseguiu um emprego como motoboy, e segundo informações ele era querido por todos que o conheciam, tanto no trabalho, como no grupo de patinação. Salvo alguns incidentes, ele era considerado uma pessoa "normal". 

 

Não fosse um episódio de violência, o ex chefe de Chico nunca desconfiaria que empregou e abrigou uma pessoa violenta. O dono do mototáxi em que Chico trabalhava e morava, contou à polícia que em um momento de descontração no trabalho outro funcionário chamou Francisco de "gay", ele ficou furioso e espancou violentamente o colega. 

 

Outro relato de violência anterior aos crimes que mais tarde o deixariam conhecido no país inteiro como Maníaco do Parque, foi o de Thayná, uma ex ficante de Chico. Eles moraram juntos por mais ou menos um ano e não raras vezes, Chico a espancava, forçava relações sexuais e a ofendia.  

 

Anos mais tarde ele passou a abordar mulheres em lugares públicos como praças e metrô. Não se sabe ao certo a data e nem quantas mulheres foram abordadas por ele. Mas o primeiro registro de ocorrência ligado ao caso foi o de uma mulher que afirma ter sido vítima dele em 1996. Mas ele relatou a polícia que a sua primeira vítima foi uma moça que ele abordou na semana do natal de 1997. 

 

Os especialistas que trabalharam no caso, dizem que Francisco foi evoluindo a cada crime, e que no início ele "só" estuprava, com o tempo ele passou a matar. Ao todo ele fez 23 vítimas (que são conhecidas perante a investigação, que foram até a delegacia, se apresentaram e prestaram depoimentos).  

 

Mas o Maníaco do Parque só assume os crimes em que ele de fato matou as vítimas, que são 11 mulheres e as demais que ele agrediu e estuprou ele não confessou e inclusive afirmou que: "todas que entraram comigo na mata não voltou viva". 

 

Aos olhos dos especialistas, essa era uma forma de autoafirmação em que ele se apoiava para se sentir mais "homem", já que foi constatado que ele só conseguia ter ereções por um curto espaço de tempo.  

 

Algumas controvérsias rodeiam a criação do perfil criminal de Francisco, é muito comum que serial killers tenham vivido traumas e abusos na infância que acabaram contribuindo de certa forma para o cometimento de crimes cruéis na vida adulta.  

 

No caso de Francisco, ele alega ter sofrido abuso sexual na infância por parte de sua tia Diva, a irmã caçula de sua mãe, ela teria o obrigado tocar nas partes intimas dela e a estimular sexualmente. Esse fato gerou uma fixação por seios na vida adulta e que provavelmente influenciou na escolha das vítimas. Mas a tia em questão nega todas as alegações de que isso tenha acontecido. 

 

Outro fator relacionado a estímulos sexuais, é a história de que uma ex namorada tivesse mordido a genitália de Chico, e essa mordida forte tenha sido a origem do problema em conseguir ficar ereto. 

 

O problema foi indagado pela médica legista que realizou a autópsia de duas vítimas do Maníaco do Parque e aparece na série documental "Investigação Criminal", (temp. 01, ep. 08) questionando se realmente ele conseguia ter ereções mesmo com as vítimas mortas, pois, não havia sido encontrado sêmen em nenhuma delas. 

 

A médica faz essa indagação, porque o delegado do caso faz um paralelo na criação do perfil criminal de Chico e tenta mapear as motivações dos crimes, tentando descobrir se ele praticava necrofilia com os corpos para não ser julgado caso não conseguisse estuprar as vítimas enquanto elas ainda estivessem vivas.  

 

Nem todas as vítimas tinham sêmen em seu corpo, mas os sinais de violência eram claros. O Maníaco do Parque espancava todas as vítimas, dava socos, chutes, mordia e as estrangulavam. A polícia denominou o modus operandi do Maníaco de: tour do terror, porque todos os cadáveres tinham marcas de lesões horríveis. Além da violência física, as vítimas sobreviventes afirmaram que ele as ameaçava e mostrava os corpos em decomposição das outras mulheres que ele havia matado, como forma de mantê-las na linha. Ele dizia: "Se você não se comportar é assim que você vai ficar, eu vou te matar" e mostrava os corpos.  

 

Chico levava as mulheres para o parque com a promessa de fazer fotografias para marcas de produtos de beleza, ele as abordava na rua e falava o quanto elas eram lindas e o quanto podiam ganhar dinheiro trabalhando como modelo.  

 

Ele as levava para o Parque do Estado no final da tarde, entre 17h00 e 18h00, e após encenar que uma equipe estava a caminho ele dava início a tour do terror: espancava, amarrava, torturava, mordia, estuprava, obrigava as vítimas a realizar sexo oral nele e então ele as estrangulava com cinto, cadarço ou algum objeto da própria vítima que o possibilitasse matá-la.  

 

Ele passava um tempo com os corpos das vítimas, os beijava e chegou a dizer que a luz da lua reluzia o corpo de uma delas e que aquilo fez ele ficar apaixonado pelo cadáver da vítima.

 

O corpo de Selma, a última vítima do Maníaco do Parque foi o primeiro corpo a ser encontrado, ele foi visto por um garotinho que entrou no Parque do Estado para buscar sua pipa que havia caído dentro da mata. A polícia militar foi acionada e uma investigação começou. 

 

A Selma foi estrangulada e tinham mordidas espalhadas por todo o seu corpo, além disso, o Maníaco do Parque posicionou o corpo vítima como se estivesse de quatro, ficou constatado que ela não morreu nessa posição, que ele realmente a colocou dessa forma. Na biopsia ficou indicado que as mordidas eram proferidas enquanto as vítimas ainda estavam vivas.  

 

Chico afirmou que gostava de mordê-las para tentar arrancar a pele de seus corpos e completou dizendo: “Acontecia o desejo, aquela forma maldita de querer pegar a pessoa, o inimigo gerando dentro de mim essa não escapa, se ela falar sim, vou devorar ela viva, não era nem a pratica sexual, era uma coisa canibal.” 

 

Outros corpos foram encontrados dois dias após o de Selma, por um senhor que havia montado armadilhas para pegar passarinhos, ele relatou que sentiu um cheiro forte e foi vasculhar na mata de onde o fedor vinha, então encontrou mais dois corpos, a polícia foi novamente acionada e uma força tarefa foi montada. 

 

A polícia passou a investigar os desaparecimentos de mulheres com os mesmos perfis das vítimas já encontradas e como o caso foi amplamente divulgado novas vítimas sobreviventes apareceram para relatar que foram abusadas no Parque do Estado por um homem.  

 

Foi feito um retrato falado do Maníaco do Parque e no outro dia estava estampado em todos os jornais. Chico eventualmente se viu naquele retrato e decidiu fugir. Ele queimou alguns pertences das vítimas que havia guardado e jogou na privada do banheiro de seu quarto, que ficava no mototáxi em que trabalhava.  

 

Ele escreveu um bilhete para o dono agradecendo o trabalho e o acolhimento e lamentava que precisasse ir embora, mas reforçou que tinha que ser assim. O bilhete foi deixado ao lado de seu retrato falado. E ele simplesmente desapareceu. 

 

Uma mulher que pediu sigilo total foi até a polícia dizendo que o maníaco do parque havia a abordado na rua insistentemente, a ponto de ela ameaçar chamar a polícia. Ele então deixou um papel com seu número de telefone e seu nome "Jean", um nome falso, mas o telefone era do mototáxi que ele trabalhava. 

 

A polícia foi até lá e o dono disse que não trabalhava nenhum Jean no local, mas que há alguns dias atrás um funcionário tinha ido embora em circunstancias estranhas deixando apenas um bilhete. Ele ainda informou que não era a primeira vez que a polícia o procurava, pois, meses atrás ele havia sido questionado sobre um cheque que ele usou para comprar um capacete. 

 

O cheque era de Isadora Fraenkel que estava assinado por ela, mas ele preencheu com o seu RG na hora da compra. Como Isadora estava desaparecida a polícia foi perguntar para Chico o porquê ele usara o cheque de uma pessoa desaparecida, mas ele disse que Isadora era sua namorada e que não sabia nada sobre o desaparecimento. Não havia um corpo então ele não foi considerado culpado de nada, mas era tratado como suspeito. 

 

A polícia entrou em contato com o departamento de pessoas desaparecidas e pediu todos os dados de Francisco. A foto dele foi impressa e as vítimas sobreviventes confirmaram que aquele era o Maníaco do Parque. 

 

Os jornais de todo o país passaram a divulgar as fotos de Francisco diariamente. Ele era o homem mais procurado no Brasil e no dia 04 de agosto de 1998 Francisco foi preso em Itaqui, no Rio Grande do Sul, graças a denúncia de um pescador local que o abrigou.  

 

Francisco havia pedido abrigo em troca de qualquer trabalho, e se apresentou com o nome de Pedro, mas nesse dia, enquanto estava pescando, passou sua foto no jornal e o pescador local foi conferir nos documentos pessoais de "Pedro" se ele era o Maníaco do Parque. E assim que ele confirmou que Pedro na verdade era Francisco, ligou para a polícia imediatamente. 


Num primeiro momento Francisco negou qualquer ligação com os crimes, mas depois de ver que não adiantaria passou a cooperar com a polícia, ele aceitou ir até o Parque do Estado e contou em detalhes como cometia todos os crimes. Ele também levou a polícia ao corpo de Isadora, que até então não tinha sido encontrado.  

 


Ligar ele a morte ou ao desaparecimento de Isadora era a última prova que a polícia precisava, já que todas as vítimas sobreviventes já haviam o identificado e os documentos de Selma foram encontrados queimados dentro da privada do quarto de Francisco.


O dono encontrou os documentos enquanto tentava desentupir o vaso, que precisou ser quebrado. Ele chamou a polícia assim que descobriu os documentos. Então, mesmo que Francisco não admitisse os crimes, já haviam provas contundentes contra ele. 


Francisco de Assis Pereira foi preso e posteriormente condenado a 285 anos, 11 meses e 10 dias de reclusão. Atualmente cumpre pena na Penitenciária “Orlando Brando Filinto” de Iaras, São Paulo, uma Unidade Prisional própria para autores de crimes sexuais. 

 

Apesar de ficar conhecido como o "Maníaco do Parque" os especialistas que trabalharam no caso o consideram um psicopata perigoso e que pode voltar a matar se posto em liberdade. 

 

É destacado ainda que: "A palavra 'maníaco' é usada incorretamente pela mídia que difundiu o termo. Na verdade, um maníaco é todo aquele que possui manias, seja roer unhas, fazer compras, permanecer em estado de depressão ou ansiedade e outros.  
  
O termo correto a ser usado deveria ser 'psicopata', uma vez que se caracteriza pela essência de desvios de caráter por conta da não assimilação afetiva das normas morais de convivência social, resultando na incapacidade de o indivíduo sentir-se culpado por sua conduta antissocial. O psicopata tem plena condição de entender racionalmente as proibições legais. O que lhe falta é a apreensão do significado afetivo e emocional das transgressões que comete. O que o atrai é a realização obsessiva de suas fantasias macabras, mas o que o mantém em ação é a impunidade e a sensação de poder que lhe confere a convicção de estar acima dos outros homens e da lei e da moral."


Não consegui confirmar oficialmente essa informação, mas de acordo com a minha pesquisa em 2028 ele estará elegível para ser posto em liberdade. 



Vítimas fatais de Francisco


Fontes de pesquisa: 

Série: Investigação Criminal - Temp. 01, Ep. 08 - Maníaco do Parque (disponível no Prime Vídeo)

https://www.policiacivil.sp.gov.br/portal/faces/pages_home/noticias/noticiasDetalhes?rascunhoNoticia=0&collectionId=358412565221036839&contentId=UCM_048822&_afrLoop=1706471153431155&_afrWindowMode=0&_afrWindowId=null#!%40%40%3F_afrWindowId%3Dnull%26collectionId%3D358412565221036839%26_afrLoop%3D1706471153431155%26contentId%3DUCM_048822%26rascunhoNoticia%3D0%26_afrWindowMode%3D0%26_adf.ctrl-state%3Db9gorn8du_4

https://www.youtube.com/watch?v=AT_8gwcFj0o&ab_channel=Nerdologia

https://www.youtube.com/watch?v=Cjcl1W8e4WQ&ab_channel=JaquelineGuerreiro

https://psicologia-forense.blogspot.com/2017/01/caso-da-semana-maniaco-do-parque.html

https://unoesc.emnuvens.com.br/apeusmo/article/view/23458

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2018/08/26/preso-ha-20-anos-em-sp-maniaco-do-parque-deve-ser-solto-em-2028.ghtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Man%C3%ADaco_do_Parque

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/maniaco-do-parque-o-sanguinario-serial-killer-brasileiro.phtml

https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9mZWVkLnBvZGJlYW4uY29tL21vZHVzb3BlcmFuZGkvZmVlZC54bWw/episode/bW9kdXNvcGVyYW5kaS5wb2RiZWFuLmNvbS80ODMxODI3NC03YjFhLTNiMDctYjk1Yi01MmE1NTFjMGM4N2Y?sa=X&ved=0CAIQuIEEahcKEwiYu6q-7frwAhUAAAAAHQAAAAAQIQ


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Por Thainá Bavaresco.

Comentários

  1. Nossa, imagino a dor que essas vítimas sentiram 😢😢 texto ótimo amigaa, a maioria conhece pelo nome "maníaco do parque" mas nem sabe dos detalhes!

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  2. Mano, esse acho que foi o caso mais famoso da época em que eu era criança...e que sinistra essa história hein, você desenterrou um caso FODA e que a galera nem comenta mais, e ficou incríveeel demais!

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