Dee Dee e Gypsy - "Mamãe Morta e Querida"

A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: violência contra a criança, tortura, assassinato, estupro, descrição de procedimentos médicos invasivos, além de abordar a síndrome de Munchausen por procuração. Não é indicado para pessoas sensíveis e é recomendado para maiores de 18 anos.   

Mensagem da escritora: esse caso é predominantemente baseado no documentário "Mommy Dead and Dearest", em tradução livre: "Mamãe Morta e Querida", produzido pela HBO e dirigido por Erin Lee Carr. A estreia aconteceu no dia 15 de maio de 2017.  

 

Também farei alguns comentários sobre a série "The Act", que estreou no dia 20 de março de 2019, no Hulu, mas está disponível no Prime Vídeo da Amazon. A série é baseada em toda a trajetória de vida da Gypsy até o dia em que foi presa e foi produzida por Jan Peter Meyboom. É extremamente fiel ao documentário da HBO, recomendo que assistam tudo! Links na descrição. 

 

E agora sem mais delongas, bora para o caso de hoje. 

Boa leitura! 


"Eu me sinto mais livre na prisão do que morando com minha mãe. Porque agora, estou autorizada a viver apenas como uma mulher normal." 

Gypsy Rose Blanchard, 4 de janeiro de 2018.  


 

O caso de hoje é sobre a história de uma mãe e filha, elas viveram numa relação extremamente tóxica, e realmente acreditaram até o último dia que tudo se tratava de amor, até que uma delas morreu e seus segredos mais obscuros foram expostos para o mundo. 

 


Clauddine Blanchard, conhecida como Dee Dee, nasceu no dia 3 de maio de 1967 em Chackbay, Luisiana nos Estados Unidos. Era filha de Emma Pitre e Claude Pitre e irmã de outros quatro irmãos. 

 

Dee Dee é descrita no documentário como sendo "uma pessoa difícil" desde a sua infância. Se algo não saísse como ela planejava, ela fazia as pessoas a sua volta pagarem por isso. 

 

Sempre manipuladora, Dee Dee passou a roubar a família e a distribuir cheques fraudados em várias cidades enquanto fazia compras, esse hábito fez com que fosse procurada pela polícia durante um tempo e claro, que a família a afastasse.  

 

Durante um tempo da vida de Dee Dee, ela se dedicou ao ofício de auxiliar de enfermagem, momento que passou a aprender sobre doenças e termos técnicos que seriam muito úteis em sua jornada como mãe. 

 

Em 1990, Dee Dee conheceu Rod Blanchard, eles tiveram um caso que acabou fazendo Dee Dee engravidar. Ela tinha 24 anos nessa época e Rod 17, e mesmo ele sendo menor de idade eles se casaram. 

 

Gypsy Rose Blanchard, nasceu no dia 27 de julho de 1991 em Golden Meadow, Luisiana nos Estados Unidos. Seu nome é composto porque Dee Dee gostava do nome Gypsy e Rod era fã do Guns N 'Roses. 

 

Pouco tempo depois do nascimento de Gypsy, Rod decidiu terminar o casamento, pois segundo ele, "se casou pelos motivos errados", além de ter feito essa escolha com apenas 17 anos de idade. 

 

Então após a separação, Dee Dee foi morar na casa de sua mãe, dona Emma, e as duas passaram a criar Gypsy. Porém, esse foi o problema. Emma sempre foi uma mãe autoritária e abusiva que controlava a filha, e mesmo Dee Dee sendo uma adulta e mãe da Gypsy, não conseguia exercer o seu papel como mãe dela. 


 

Emma sempre dizia o que ela tinha que fazer e acabava ignorando o que a filha julgava ser o melhor para Gypsy. Já nessa fase, quando Gypsy tinha um pouco mais de 3 meses de vida, Dee Dee começou a acreditar que a filha tinha apneia do sono. 

Apneia do sono é um distúrbio do sono em que a respiração para e volta diversas vezes, então, Dee Dee passou a levar Gypsy em hospitais, mas não encontraram nenhum sinal do distúrbio. Posteriormente ela se convenceu de que Gypsy tinha vários problemas de saúde, que Dee Dee chamou de: "um distúrbio cromossômico não especificado". 

 

Em 1997, a dona Emma faleceu em condições suspeitas de abandono, ainda que Dee Dee morasse com a mãe. A família suspeitou porque foi determinado que Dee Dee não alimentava dona Emma há dias. Ela estava doente e acamada, então dependia da filha para realizar todas as necessidades essenciais de sua subsistência. 

 

Na série The Act, a mãe de Dee Dee aparece representada com uma personalidade muito parecida com a da filha. Inclusive em relação ao sentimento de posse e controle sobre o outro. Ela também menospreza a filha, a humilha e a relação delas é bastante abusiva. 

 

Uma interpretação minha é que Dee Dee reproduzia todo o abuso que sofria da mãe na Gypsy, e descontava toda a sua frustação dessa forma.  

 

E realmente existe um padrão em pessoas extremamente abusivas, ou que cometem crimes... Normalmente elas passaram por traumas na infância, ou sofreram justamente o que praticam, elas na verdade apenas reproduzem o que viveram, porque é aquilo o que conhecem. 

 

E Dee Dee de fato passou a reproduzir todo tipo de abuso na Gypsy, de forma possesiva, que com o tempo só piorou. 

 

Quando Gypsy tinha 7 ou 8 anos sofreu um pequeno acidente enquanto andava na motocicleta de seu avô, ela sofreu uma fricção no joelho, mas Dee Dee jurou que os médicos a mandaram andar em cadeiras de roda. 


 


E depois disso, Dee Dee nunca mais deixou Gypsy andar publicamente. Gypsy passou a participar de jogos "especiais", como Olimpíadas que hoje em dia chamamos de Jogos Paralímpicos e o Rod sempre acompanhava a filha nesses eventos. 


 

Em 2001, quando Dee Dee afirmou que Gypsy tinha 8 anos, mas na verdade ela tinha 10, ela foi nomeada rainha honorária do Krewe de Mid-City, um desfile infantil realizado durante o Mardi Gras em Nova Orleans.  

 

Gypsy conta no documentário que só estudou até a segunda série e que depois disso estudava em casa com sua mãe. Isso aconteceu, porque Dee Dee afirmava que as doenças da filha eram muito graves e que elas deveriam estar sempre juntas. 


 

Apesar de Dee Dee afirmar que ensinava a filha em casa, Gypsy só aprendeu a ler por conta própria através dos livros de Harry Potter. 

 

Depois de um tempo Dee Dee foi morar na casa de seu pai, porque não conseguia se manter sozinha e cuidar da Gypsy. Moravam elas, o senhor Claude e sua esposa (madrasta de Dee Dee). 

 

Nessa época Dee Dee acabou sendo presa por conta das fraudes que sempre cometeu com cheques, ficou alguns meses cumprindo pena e logo retornou para a casa de seu pai. 

 

Enquanto ela morou lá, tratava de envenenar sua madrasta com herbicida Roundup , a família sempre suspeitava, mas nunca conseguiu confirmar, até que Dee Dee decidiu se mudar com Gypsy para Slidell, também em Louisiana e a saúde de sua madrasta voltar ao normal pouco depois.  

 

Em Slidell, Dee Dee e Gypsy viveram em habitações públicas e Dee Dee pagava as contas com o valor da pensão alimentícia de Rod e com a assistência pública que ela conseguiu devido às supostas condições médicas de Gypsy.  

 

Elas passavam a maior parte do tempo visitando especialistas, em busca de tratamento para as doenças que Dee Dee afirmava que a filha tinha. Algumas dessas doenças eram: asma, epilepsia, anemia, alergia ao açúcar, problemas de visão e audição, distrofia muscular, um tipo de retardo mental, incontinência, problemas para se alimentar, apneia do sono, problemas cardíacos e pulmonares, entre outras como câncer, inventadas pela Dee Dee. 


 

No documentário Gypsy relata que tomava remédios para absolutamente tudo, era obrigada a dormir com um tubo de oxigênio que segundo ela, não ajudava em nada, só fazia ela respirar pior do que sem aquilo. Dee Dee também raspava o cabelo da Gypsy, pois segundo ela, iria cair de qualquer jeito, por causa da leucemia. 


 


Gypsy foi operada diversas vezes sem qualquer necessidade. E mesmo Dee 
Dee a levando em especialistas eles não desconfiavam, pois ela nunca deixava Gypsy falar nada, ela tampava o ouvido da filha para que ela não ouvisse a mãe, Dee Dee dizia que fazia aquilo para que não fosse constrangedor para a filha. 
 


 

Além disso, a ministragem excessiva dos medicamentos trazia átona vários sintomas das doenças que Dee Dee inventava, então as equipes médicas acabavam não desconfiando da "mamãe perfeita". 

 

Dee Dee também disse aos médicos que Gypsy tinha convulsões a cada poucos meses, então eles prescreveram medicação anticonvulsiva 

 

Também foi realizada uma operação para colocar um tubo de alimentação em Gypsy, Dee Dee parou de alimentar a filha com comida sólida e batia tudo no liquidificador para introduzir na filha através do tubo, medicamentos também poderiam ser ministrados assim, então Gypsy nem precisava estar acordada para ser medicada, sua mãe fazia isso quando quisesse. 


 


Em agosto de 2005, o furacão Katrina devastou toda a região em que elas moravam e o apartamento delas ficou em ruínas. Elas foram para um abrigo em Covington criado para pessoas com necessidades especiais. Dee Dee disse que os registros médicos de Gypsy, incluindo sua certidão de nascimento, foram destruídos na enchente.  

 

Sem casa e históricos médicos, elas foram instruídas por um médico que atendia no abrigo para que se mudassem para o Missouri, pois lá haviam boas condições de tratamento, no mês seguinte eles foram transportados de avião para lá. 

 

No início, Dee Dee e Gypsy moraram em uma casa alugada em Aurora, uma cidade no sudoeste do estado. Durante esse tempo lá, Gypsy foi homenageada pela Fundação Oley, que defende os direitos das pessoas que recebem tubos de alimentação, sendo eleita a Criança do Ano em 2007.  

 

Em 2008, a Habitat for Humanity construiu uma casa rosa para elas, com uma rampa de acesso à cadeirantes e banheira de hidromassagem para ajudar Gypsy nos tratamentos. 


 

A construção da casa era parte de um projeto de Springfield, então elas se mudaram para lá. A história de uma mãe solteira com uma filha gravemente deficiente forçada a fugir da devastação do Katrina recebeu considerável atenção da mídia local, então todos da região acabavam ajudando Dee Dee a cuidar de Gypsy. 

 

Elas sempre recebiam cartas com doações, ajuda de vizinhos e contribuições de projetos. Estadias nas Casas Ronald McDonald durante consultas médicas não eram raras, além de ganharem viagens e passeios de graça. 


 


Algumas das viagens incluíram voos grátis para ver os médicos no Children's Mercy Hospital em Kansas City, viagens grátis para a Disney e passes para os bastidores dos shows de Miranda Lambert, por meio da Make-A-Wish Foundation.  


 



Além de todo o apoio da comunidade, Rod nunca deixou de pagar a pensão alimentícia no valor de US $ 1.200 e enviar presentes a Gypsy. Ele também sempre ligava para falar com Gypsy, mas Dee Dee nunca permitia e isso fez Gypsy acreditar que seu pai não a amava e considerar que só tivesse a mãe. 

 

Rod também tentou marcar visitas com a filha que Dee Dee jamais permitiu. Para Gypsy ela sempre dizia que o pai era um viciado em drogas, que nunca aceitou os problemas de saúde da filha e por isso havia se divorciado e não pagava pensão.  

 

Gypsy nunca teve amigos, sua mãe a mantinha trancada dentro de casa, ela não podia ter uma conta no Facebook, era infantilizada, privada de andar, comer, estudar, ser uma pessoa comum... A voz de Gypsy era fina e prejudicada por conta de uma cirurgia na garganta que ela fez sem precisar quando era pequena, depois foram retiradas as suas glândulas salivares. 


 

A falta de glândulas salivares, juntamente com os efeitos colaterais da medicação anticonvulsiva que ela recebeu, causou cárie nos dentes de Gypsy e em decorrência desses problemas dentários, Dee Dee mandou arrancar quase todos os dentes da boca de Gypsy, então ela ficou banguela por um tempo até ganhar dentaduras. Além disso, tubos foram implantados em seus ouvidos para controlar as inúmeras infecções de ouvido que surgiam por conta da falta de imunidade causada pela grande quantidade de medicamentos que ela tomava. 


 

Em todas as consultas médicas, entrevistas e aparições em público Dee Dee segurava a mãe de Gypsy, e essa mão sempre era apertada quando Gypsy "falava demais", era dessa forma que Dee Dee a manipulava em público sem parecer abusiva ou violenta. 

 

Mas Gypsy foi abusada de muitas formas pela mãe... 

 

Dee Dee a isolou o quanto pôde, fez o mundo da filha ser aquela casa rosa e a fez acreditar que a única pessoa em sua vida era ela. Dee Dee foi ficando cada dia mais obcecada e a medida em que Gypsy ia ficando mais velha era mais difícil de acreditar em tudo o que a mãe dizia.  

 

Gypsy odiava a falta de liberdade, odiava o seu cabelo raspado, odiou quando a mãe ordenou que arrancassem sem dentes, ela soube na cadeira do dentista que isso aconteceria... Ela não tinha qualquer autonomia sobre seu próprio corpo, ela sequer sabia a sua real idade, a vida dela era uma grande e cruel mentira inventada por sua mãe. 

 

Em praticamente todo o tempo Gypsy usava bonés, chapéus e perucas para esconder seu cabelo raspado, ela só podia assistir desenhos e era fascinada por princesas da Disney, essa era sua única referência de amor romântico. 


 



E mesmo que por pelo menos 15 anos, Gypsy não tenha tido certeza da sua idade, ela começou a sentir vontade de conhecer pessoas, fazer amigos, arrumar namorados, passear sem a mãe, mas Dee Dee nunca deixava, dava a desculpa das doenças e da idade, pois sempre mentiu e infantilizou a filha. 

 

Mas em 2011, numa convenção de ficção científica e fantasia Gypsy conseguiu se misturar na multidão e se afastar da mãe. Elas sempre iam a eventos de cosplay, porque Gypsy amava se fantasiar e usar perucas e nesse ano ela conheceu um amigo que a convenceu a criar uma conta no Facebook escondido para continuarem conversando. 

 

Gypsy fez isso e acabou contando alguns segredos, que sabia andar e que a mãe a maltratava. Esse amigo disse a ela que ela poderia morar com ele, então ela fugiu para a casa dele. Cerca de 4 horas depois Dee Dee já havia a encontrado. 

 

Ela ameaçou Gypsy e o amigo, disse a ele que Gypsy era menor de idade e que chamaria a polícia. Nessa época Gypsy tinha 20 anos, mas ela não tinha certeza de sua idade, então voltou com a mãe. Chegando em casa Dee Dee quebrou o notebook a marteladas, ameaçou Gypsy dizendo que quebraria as mãos da filha com o martelo da próxima vez e algemou a filha na cama por duas semanas como punição. 

 

Gypsy conta no documentário que a mãe prendeu suas mãos com as algemas e prendeu as algemas na cama com uma coleira de cachorro, ela ficou lá por duas semanas. Esse castigo passou a ser usado sempre que Gypsy fazia algo que não agradasse Dee Dee. Gypsy também apanhava com cabides de roupa. 

 

Após a fuga, Dee Dee entrou com um pedido de interdição da filha alegando que ela era mentalmente incapaz de responder por seus atos, nessa altura Gypsy desconfiava ter 18 anos. Ela foi obrigada a assinar e Dee Dee continuou falando por ela. 

 

O Dr. Bernardo Flasterstein, um médico neurologista que atendeu Gypsy em Springfield, suspeitou de seu diagnóstico de distrofia muscular. Ele pediu ressonâncias magnéticas e exames de sangue, que não encontraram anormalidades. No documentário ele aparece dizendo que uma pessoa que não andava a tanto tempo como Gypsy não deveria mais ter massa muscular nos membros inferiores e completa dizendo: "Não vejo nenhuma razão para ela não andar". 

 

Para confirmar a suspeita ele entrou em contato com os médicos de Gypsy de Nova Orleans, e soube que a biópsia muscular original de Gypsy tinha dado negativo, e que Dee Dee havia relatado que todos os registros da Gypsy tinham sido destruídos pela inundação.  

 

O Dr. Bernardo suspeitou da possibilidade de Síndrome de Munchausen por procuração. E escreveu observações nos registros médicos da Gypsy. Dee Dee acabou tendo acesso a esses registros e parou de levar Gypsy ao consultório do Dr.   

 

A síndrome de Munchausen por procuração é um tipo de abuso infantil, em que um dos pais, geralmente a mãe, simula sinais e sintomas na criança, com a intenção de chamar atenção pra si. Para alguns especialistas, as causas vão além da necessidade de atenção, ela pode estar relacionada com o prazer em enganar indivíduos considerados mais importantes e poderosos. 

 

O Dr. acabou denunciando Dee Dee ao serviço social, que não encontrou nenhuma inadimplência de Dee Dee em relação a Gypsy. No documentário ele diz que para as pessoas Dee Dee realmente não era negligente, e que tratava até demais da filha. 

 

Em 2018 numa entrevista ao BuzzFeed, Gypsy disse que: "Acho que ela teria sido a mãe perfeita para alguém que realmente estava doente". 

 

Em 2012, Gypsy conheceu Nicholas Godejohn, de Big Bend, Wisconsin, em um site de namoros cristão. Nick era autista (síndrome de Asperger) e tinha um transtorno dissociativo de identidade. 

 

A síndrome de Asperger é um estado do espectro autista, geralmente com maior adaptação funcional. As pessoas com essa condição podem ser desajeitadas em interações sociais e ter interesse em saber tudo sobre tópicos específicos.  

 

Já o transtorno dissociativo de identidade é um transtorno caracterizado pela presença de dois ou mais estados de personalidade distintos. É geralmente associado a uma reação a trauma como forma de ajudar uma pessoa a evitar memórias ruins. 

 

Gypsy e Nick começaram a namorar a distância e em segredo. Passavam horas da madrugada conversando, trocando fotos e segredos. Com um ano de namoro Gypsy não conseguia mais mentir para Nick, então decidiu contar tudo para ele. Contou das mentiras, dos castigos, tudo. 

 

Gypsy contava algumas coisas sobre o Nick para a sua vizinha e única amiga. Dee Dee sempre interferia na amizade delas e jamais deixou que estreitassem relações mais profundas do que "apenas uma vizinha que Gypsy podia conversar as vezes". 

 

A relação de Nick e Gypsy era baseada em elementos do BDSM, que é um conjunto de práticas sexuais envolvendo bondagem, disciplina, dominação, submissão e sadomasoquismo. Gypsy diz no documentário que ela não queria fazer aquilo, mas como foi criada acreditando que deveria ser submissa aos homens acabou cedendo. 

 

Ela também diz que como nunca havia namorado, não tinha parâmetro para saber o que era certo ou errado. Então sempre fazia o que Nick pedia, incluindo criar outras personalidades sexuais com ele.  

 

Como Gypsy tinha muitas perucas e fantasias sempre mandava fotos eróticas para Nick com diferentes "personalidades". Algumas das fotos incluíam armas brancas, como facas posicionadas em seu pescoço, dando a ilusão de que Nick estivesse segurando a faca. Estranhamente aquilo o excitava. 

 

Em 2015 depois de alguns anos de namoro eles finalmente queriam se conhecer pessoalmente e Gypsy queria contar a Dee Dee sobre seu namorado. Então eles bolaram um plano para que Nick fosse até Springfield para conhecê-las. 

 

Como Dee Dee não permitia que Gypsy saísse, tivesse amigos, ou vida social, não teria como Gypsy conhecer Nick, dessa forma, ela pensou que se o Nick as encontrasse "por acaso" no cinema, Dee Dee não desconfiaria. Então assim foi feito, elas combinaram de ir ao cinema assistir Cinderela e Nick estava lá. 

 

Porém, Dee Dee odiou aquele "cara estranho" cercando as duas e inclusive a Gypsy e ordenou que ele se afastasse. Ele saiu da sala de cinema e um tempo depois Gypsy disse a mãe que iria ao banheiro. 

 

Eles se encontraram, foram até o banheiro e transaram pessoalmente pela primeira vez. Depois disse Gypsy voltou para a sala de cinema e Nick voltou para a sua cidade. 

 

Eles continuaram o namoro pela internet e Dee Dee foi ficando cada vez mais violenta com Gypsy. Até que Nick prometeu cuidar e proteger Gypsy de qualquer pessoa, inclusive de sua mãe. 

 

A partir daí eles começaram a planejar o assassinato de Dee Dee. Em junho daquele mesmo ano Nick voltou para Springfield. 

 

Naquele dia Gypsy e sua mãe estavam em uma consulta médica. Depois que eles voltaram para casa Dee Dee foi dormir. Nick já estava lá esperando, então Gypsy permitiu que ele entrasse. Assim que ele entrou, Gypsy o entregou fita adesiva, luvas e uma faca. Ela apontou o quarto de sua mãe, entrou no banheiro, deitou no chão em posição fetal tapou seus ouvidos. 

 

Nick desferiu 17 facadas nas costas de Dee Dee que acabou acordando durante esse processo. Ela gritou por socorro e pela Gypsy até ficar um silêncio total na casa. 

 

Gypsy conta no documentário que as últimas palavras de sua mãe para ela foram: "eu estou melhorando, não me machuque". Nick queria estuprar Dee Dee, mas Gypsy fez um acordo com ele. Nick estupraria a Gypsy e deixaria sua mãe no quarto. 

 

Então após matar Dee Dee Nick levou Gypsy para o quarto e a estuprou. Em depoimento ele disse que não sentiu prazer porque eles tinham muitas coisas para arrumar.   

 

Depois do estupro eles foram arrumar as malas, limparam as digitais e a faca, pegaram $ 4.000 em dinheiro que Dee Dee estava mantendo em casa, e fugiram para um motel fora de Springfield. 

 

No hotel eles pesquisaram por pornô e transaram durante a noite. Eles ficaram nesse hotel por alguns dias onde permaneceram por alguns dias até irem para a casa da mãe de Nick. 

 

Eles enviaram a faca do crime por correio para a casa de Nick em Wisconsin para evitar serem pegos com ela e compraram passagens de ônibus para lá. Várias pessoas testemunharam esse percurso do casal e notaram que Gypsy usava uma peruca loira e caminhava sem ajuda. 

 

No dia 14 de junho de 2015, Gypsy ficou preocupada com o cadáver da mãe largado na casa e queria que ele fosse encontrado de alguma forma, então ela e o Nick pensaram em formas de chamar a atenção sem se comprometer. 

 

Porém, eles decidiram fazer uma postagem no Facebook da Dee Dee e Gypsy: "Aquela vadia está morta", rapidamente amigos comentaram achando que a conta teria sido hackeada. 

 

Como o objetivo não tinha sido atingido, Gypsy decidiu postar outra mensagem: " Eu cortei aquela porca gorda e estuprei sua doce filha inocente... O grito dela foi tãããão alto LOL". 

 

Imediatamente as pessoas começaram a se mobilizar, a ligar e a olhar a casa. O carro estava na garagem, mas ninguém atendia a porta. A polícia foi acionada, mas não tinha um mandado para entrar na casa. Um vizinho acabou entrando, mas não viu nada de anormal. 

 

Pouco tempo depois a polícia conseguiu entrar na casa e rapidamente encontraram o corpo de Dee Dee na cama. A polícia rastreou o IP do computador que publicou a mensagem no Facebook e chegou até a casa de Nick.

 







A Gypsy foi encontrada com ele, o que foi uma surpresa, pois todos acreditavam que ela estava em perigo e necessitando de seus remédios. Eles foram presos e interrogados.









Ninguém acreditou quando ela apareceu bem e andando. De imediato Nick confessou o crime, contou detalhes e disse que fez tudo por Gypsy, ela por sua vez negou a autoria crime, até a sua equipe de advogados descobrir seus registros médicos falsificados pela mãe. 

 

Dee Dee passou de vítima a investigada. Foi descoberta a fraude, as violências e todas as mentiras. Gypsy demorou a entender que sua mãe havia cometido vários crimes contra a própria filha, ela não entendia que era uma relação extremamente abusiva. 

 

A pena de morte pelo assassinato de Dee Dee foi imediatamente desconsiderada tanto para Nick como para Gypsy. E o julgamento dos dois foi julgado separadamente em decorrência das circunstâncias. 

 

A família de Gypsy ficou aliviada com a morte de Dee Dee, no documentário seu pai conta que jogou as cinzas da filha na descarga e completa dizendo que ela teve o que mereceu. 

 

Nick foi julgado somente em fevereiro de 2019, pois precisou passar por inúmeros exames psiquiátricos, além de o julgamento ter sido adiado diversas vezes. Ele foi condenado a prisão perpétua, pois o juiz entendeu que foi ele quem iniciou todo o planejamento do assassinato. 

 

Gypsy assinou um acordo para cumprir 10 anos de prisão. Na aplicação dessa pena foi levado em consideração todo o histórico de abuso que ela sofreu ao longo de toda a vida. Em 2024 ela terá possibilidade de liberdade condicional. 


 

Ela está bem. Depois que foi presa engordou, seus cabelos estão cumpridos e ela nunca mais teve problemas de saúde.  


 

Ela disse que se sente feliz por ter se livrado da mãe, mas não gostaria que ela estivesse morta. Que se ela soubesse que seu pai era um cara legal teria ligado para ele e tudo teria sido diferente. 

 

O promotor do condado, Dan Patterson chamou o caso da Gypsy de "extraordinário e incomum". 


Gypsy está mais livre presa do que quando estava com sua mãe. 

* as imagens utilizadas por esse artigo foram retiradas do google *


Fontes de pesquisa:

https://www.insideedition.com/gypsy-rose-and-dee-dee-blanchard-inside-murderous-relationship-51361

https://www.youtube.com/watch?v=PUAZcCgvg-I&ab_channel=MarinaScopMedeiros

https://www.megacurioso.com.br/ciencia/117718-gypsy-rose-o-caso-bizarro-da-filha-que-matou-a-mae.htm

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/historia-filha-que-matou-mae-a-tragica-historia-de-dee-dee-e-gypy-rose.phtml

https://www.youtube.com/watch?v=mzVn_Z5yoG4&ab_channel=Geisiele%21

https://claudia.abril.com.br/famosos/a-tragica-historia-da-garota-refem-de-doencas-criadas-pela-propria-mae/

https://en.wikipedia.org/wiki/Murder_of_Dee_Dee_Blanchard

https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Act


"Mamãe Morta e Querida" - Documentário HBO

https://www.hbomax.com/br/pt/feature/urn:hbo:feature:GWIe9ngfRdbeZjQEAAADH

https://www.youtube.com/watch?v=fNEBGUSSnG0&ab_channel=kelseydouglasloredoDOCUMENTARIOS


"The Act"- Prime Vídeo

https://www.primevideo.com/detail/amzn1.dv.gti.b4b56962-d4d2-9542-69bc-87a247cb1306?ref_=dvm_pds_tit_br_dc_c_g_mkw_sm13VTkxJ-dc_pcrid_459991552713&mrntrk=slid__pgrid_108116338232_pgeo_1001716_x__ptid_kwd-439053752056

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Por Thainá Bavaresco.

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