A Guerra ao Terror - e a crise humanitária do Afeganistão

A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: atos de terrorismo, assassinato e crimes de guerra. Imagens extremamente sensíveis que podem causar desconforto. Não é indicado para pessoas sensíveis e é recomendado para maiores de 18 anos.

Esse é o penúltimo texto/episódio do Especial 11 de Setembro. Nós já sabemos como a Al-Qaeda foi formada, qual o contexto histórico em que sua criação estava inserida, sabemos das mudanças de objetivos e fundamentos do grupo ao longo dos anos até ser considerado um grupo terrorista e declarar guerra contra os Estados Unidos, e no episódio anterior vimos o que foi ataque terrorista do 11 de Setembro de 2001.  

 

Então hoje veremos quais foram as consequências desse ataque para o terrorismo e para o mundo. 

 

O ataque do 11 de setembro de 2001 foi uma espécie de continuação de um plano que fracassou em 1993, quando houve um "pequeno" atentado contra o World Trade Center, em 26 de fevereiro de 1993. 

 

O plano era detonar um caminhão-bomba abaixo da Torre Norte do World Trade Center, em Nova York, para que a Torre Norte caísse sobre a Torre Sul e matasse milhares de pessoas. 

 

Porém, o plano felizmente não foi bem sucedido, mas, 6 pessoas morreram naquele dia. Esse ataque foi planejado por um pequeno grupo terrorista, composto por Ramzi Yousef, Mahmud Abouhalima, Mohammad Salameh, Nidal Ayyad, Abdul Rahman Yasin e Ahmed Ajaj. Eles receberam financiamento de Khalid Sheikh Mohammed, que era tio de Ramzi.  

 




Esse atentado acabou resultando em algumas consequências penais para alguns dos envolvidos, mas nunca chegou a ser considerado um grande e efetivo atentado terrorista contra os Estados Unidos, e por isso que o 11 de setembro ficou mundialmente conhecido como o primeiro atentado terrorista dentro do território americano e o maior do mundo.  

 

Após o plano fracassar, Khalid Sheikh Mohammed acabou aperfeiçoando as falhas do plano inicial e só admitiu o seu envolvimento nos ataques do 11 de setembro, em abril de 2002 para o jornalista Yosri Fouda do canal de televisão árabe Al Jazeera. 

 

O Relatório da Comissão do 11 e setembro ainda determinou que a animosidade de Mohammed para com os Estados Unidos era resultado da sua "violenta discordância da política externa dos Estados Unidos de favorecer Israel". 

 

Após o ataque do 11 de Setembro de 2001, e a constatação de que o atentado havia sido um plano terrorista de Mohammed com a Al-Qaeda, sendo financiado por Osama bin Laden, o então Presidente dos Estados Unidos, George Bush, desencadeou uma campanha militar em resposta aos ataques, declarando "Guerra ao Terror". Essa campanha foi parte de uma estratégia global de combate ao terrorismo.  

 


A Guerra ao Terror significou um esforço de mobilização em diferentes planos: ideológico, político-diplomático, econômico, militar, de inteligência e contraespionagem ou contrainteligência (que é uma tarefa que procura identificar e neutralizar ações de espionagem que vão de encontro aos interesses do país, de empresas ou mesmo do cidadão, e avaliar as ameaças cibernéticas aos interesses nacionais). 

 

Um exemplo do plano de contraespionagem foi o "Ato Patriota" ou "Lei Patriótica" que foi um Decreto assinado pelo presidente George W. Bush em 26 de outubro de 2001, que permitia, entre outras medidas, que órgãos de segurança e de inteligência dos EUA interceptem ligações telefônicas e e-mails de organizações e pessoas supostamente envolvidas com o terrorismo, sem necessidade de qualquer autorização da Justiça, sejam elas estrangeiras ou americanas.  

 

Após várias prorrogações durante o governo de George Bush, em 27 de julho de 2011, o presidente Barack Obama sancionou a extensão do Decreto por mais quatro anos, até 27 de julho de 2015. 

 

Como parte das operações militares da "Guerra ao Terror", os Estados Unidos invadiram e ocuparam países como o Afeganistão e o Iraque. Esses países foram escolhidos por supostamente serem apoiadores de movimentos ou grupos terroristas, referidos como "Estados-bandido" ou "Estados-pária" (Rogue States) — os mesmos que inicialmente eram chamados de "Eixo do Mal". 






Uma das controvérsias mantidas durante todo o período dos anos 2000 diz respeito à classificação desses inimigos, já que, na prática, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN é quem definiram quem era ou não terrorista e quais eram os governos que apoiam ou não o terrorismo.  

 

Um exemplo desse tipo de crítica partiu da Rússia e da China, que passaram a definir o separatismo e o extremismo como sinônimos de terrorismo e criaram uma aliança para combater o extremismo, terrorismo e separatismo, a Organização de Cooperação de Xangai.  

 

Desde o início da Guerra ao Terror, a Anistia Internacional registrou e denunciou centenas de casos graves de violações dos direitos humanos, incluindo as torturas na prisão de Guantânamo, as "extraordinárias rendições" (transferências de prisioneiros de um país para outro sem obedecer aos procedimentos judiciais normais de extradição), e as prisões secretas da CIA. 

 
Dentre essas prisões, Mohammed acabou sendo preso no dia 1 de março de 2003, em Rawalpindi, no Paquistão, por agentes de segurança paquistaneses que trabalhavam com a CIA. Após a sua prisão ele foi imediatamente transferido para Prisão de Guantânamo, na Base Naval da Baía de Guantânamo, em Cuba, para ser interrogado.  

 


Em Guantânamo os prisioneiros eram interrogados por comissões militares especiais que aplicavam o que a CIA chama de: "técnicas aprimoradas de interrogatório", o que quer dizer especificamente "interrogatório sob tortura", uma das torturas mais utilizadas era a simulação de afogamento conhecido como "submarino". 


 


Durante as audiências na Baía de Guantânamo em março de 2007, Mohammed novamente confessou sua responsabilidade pelos ataques, afirmando que ele "foi o responsável pela operação do 11 de setembro, de A a Z" e foi dito que a sua declaração não foi feita sob coação. 

 

A baía de Guantânamo fica ao sul da ilha de Cuba e possui uma área de 116 km²Guantânamo foi arrendado de forma perpétua pelos Estados Unidos como área de mineração e estação naval no dia 23 de fevereiro de 1903, em troca do pagamento de 4.085 dólares por ano.  


 


Da base de Guantânamo, existe uma dependência chamada Navassa, ilha desabitada com 5 km², situada entre a Jamaica e o Haiti, é uma terra sem lei, que os Estados Unidos aproveitou para transformar em uma base naval americana. E é lá que se encontram os prisioneiros das guerras do Afeganistão e Iraque. Além disso, de acordo com matéria do G1 atualizada no dia 06 de setembro desse ano, 12 dos 39 prisioneiros de Guantânamo são membros da Al-Qaeda. 


 




A manutenção da Base Naval da Baía de Guantánamo não encontra amparo em nenhuma convenção internacional e, por isto, não há como fiscalizar o que acontece em seu interior. Os presos muitas vezes não possuem o direito de consultar advogados, receber visitas ou até mesmo de um julgamento.  


 



Existem diversas denúncias de tortura e assassinatos, mas nunca foi permitida uma inspeção na prisão e base naval para averiguar as reais condições do local e do tratamento recebido pelos prisioneiros. 


 




George W. Bush, no período em que foi presidente dos Estados Unidos determinou que os presos de guerra de Guantânamo não poderiam se valer da proteção das convenções de Genebra ou das leis dos Estados Unidos. 

 

E então, o encarceramento da prisão aumentou rapidamente, pois em janeiro de 2002, a base naval contava com 20 detentos e pouco tempo depois o número disparou para 780 detentos. 

 

Contra a grande maioria desses detentos, o governo norte-americano não possuía qualquer prova que pudesse demonstrar alguma ligação dos prisioneiros com a Al-Qaeda ou com os ataques do 11 de setembro. 

 

Vários prisioneiros acabaram sendo libertados, mas alguns esperaram por 10 anos na prisão de Guatânamo até o dia de sua efetiva libertação. 

 

Em uma noite de 2006, três prisioneiros foram encontrados enforcados em suas celas. Os carcereiros da prisão alegaram se tratar e "suicídios coordenados", mas surgiram evidências de que os detentos haviam sido mortos durante as sessões de interrogatórios sob tortura. 

 

É importante ressaltar que essas técnicas de tortura utilizadas pela CIA não foram criadas no contexto da Guerra contra o Terror, para serem utilizadas em prisioneiros da Al-Qaeda ou de envolvidos no atentado do 11 de setembro.  

 

Existem registros de 1963 em que a CIA já menciona as tais técnicas de tortura, cuja o nome oficial é "Manuais KUBARK", que era um codinome, usado pela CIA para se referir a si mesma‎. Essas técnicas também já eram utilizadas pelas forças militares americanas.  


 


O KUBARK usa muitas técnicas que foram objeto de experiências em seres humanos feitas através do Projeto MKULTRA e que são transmitidas pela Escola das Américas. 

 

MKULTRA, foi um programa de experiências ilegais em humanos da CIA, idealizado pelo agente Sidney Gottlieb com objetivo de controle mental e lavagem cerebral de indivíduos durante a Guerra Fria, desenvolvendo drogas e procedimentos a serem usados em interrogatórios e tortura, para debilitar e forçar confissões por meio do controle da mente. 

 




Os Manuais recomendam que as pessoas sejam aprisionadas de madrugada para serem pegas desprevenidas, são aplicados choques para submissão do indivíduo, e eles também recomendam que a pessoa seja imediatamente vendada e que as suas roupas sejam retiradas, pois quando uma pessoa está nua ela tem a sensação de estar mais vulnerável.  

 

De acordo com os manuais é determinado que as pessoas sejam colocadas em isolamento sendo impedidas de dormir e comer e que suas rotinas de comer e dormir sejam drasticamente perturbadas. (Pra quem assiste La Casa de Papel, o que acontece com o Rio é uma boa analogia dessas técnicas aprimoradas de interrogatório e acredito que vocês vão conseguir visualizar melhor). 

 

Além disso, os manuais também determinam que as salas de interrogatório não tenham janelas, sejam escuras e a prova de som, e que não tenham banheiros.  


 






Em paralelo a ocupação dos países ditos "Estados-bandido", os Estados Unidos também operavam na caçada de Osama bin Laden, que chegou a ser o homem mais procurado do mundo por uma década. 

 

Durante a administração Bush, Osama bin Laden divulgava mensagens por áudio e vídeo encorajando e recrutando cada vez mais membros para a Al-Qaeda, radicalizando jovens e os convertendo por todo o mundo.  

 

Em janeiro de 2009, Barack Obama assumiu a presidência dos Estados Unidos e determinou que uma de suas prioridades era encontrar Osama bin Laden.  

 

Barack Obama também determinou que o fechamento da prisão de Guantânamo dentro de um ano, após ficar determinado pelo seu governo que a prisão era "uma vergonha para a reputação dos Estados Unidos e também uma ferramenta de propaganda para os jihadistas". 

 

Porém, parlamentares republicanos bloquearam o fechamento no Congresso, e os detentos de Guantânamo ficaram em uma espécie de limbo jurídico. 

 

Obama, acabou pressionando o Congresso para que liberassem a maioria dos prisioneiros e Guantânamo contava com 41 detentos no local quando Donald Trump assumiu o cargo em janeiro de 2017. 


 


Autoridades de inteligência norte-americanas acabaram descobrindo o paradeiro de bin Laden acompanhando as informações de um de seus mensageiros. As primeiras informações foram recolhidas junto de presos em Guantánamo, descobrindo que ele era um protegido de Khalid Sheikh Mohammed.  

 

Em agosto de 2010, o esconderijo de bin Laden em Abbottabad, no Paquistão foi descoberto. Imagens via satélite e relatórios da CIA ajudaram a confirmar a localização correta de Osama e dos outros moradores da mansão onde morava. 


 


O esconderijo estava localizado a cerca de 1,3 km da Academia Militar do Paquistão, no subúrbio de Abbottabad. Na região em torno do esconderijo havia grande circulação e habitação de militares paquistaneses. Osama estava escondido no local há, pelo menos, cinco anos sem ser descoberto. 


 



O presidente Obama se reuniu com grupos de inteligência no dia 14 de março de 2011, na primeira das cinco reuniões de segurança que decorreram em segredo ao longo de seis semanas. E no dia 29 de abril de 2011, o presidente dos Estados Unidos autorizou o ataque ao complexo de Abbottabad. O Paquistão não foi informado sobre a operação. 

 

Depois da autorização do presidente Obama, o diretor da CIA, Leon Panetta, deu a ordem da operação secreta Netuno Spear ao meio-dia do dia 1.º de maio de 2011. O ataque foi realizado por helicópteros Navy SEALs do Grupo de Desenvolvimento Especial de Guerra Naval dos Estados Unidos (DEVGRU). 


 
Os agentes DEVGRU operaram em duas equipes com doze pessoas cada e usaram as seguintes armas: uma espingarda de assalto HK416, uma metralhadora Mark 48, e uma MP7, que é uma arma de defesa pessoal que é uma arma mais silenciosa e própria para combate próximo.  

 

De acordo com o New York Times, na operação havia um total de "79 comandos e um cão". O cachorro era um Malinois belga, chamado de Cairo, que podia detectar a presença de explosivos no complexo de bin Laden. 

 

Os agentes voaram para o Paquistão a partir de uma base na cidade de Jalalabad, no leste do Afeganistão. Ao pairar acima da mansão de bin Laden, o primeiro helicóptero desceu bruscamente e acabou colidindo de raspão com um dos muros do complexo, danificando a hélice e caindo no terreno da casa. Nenhum dos agentes ficou gravemente ferido, então eles avançaram para dentro da casa, explodindo as paredes e portas. 


 

Os agentes encontraram bin Laden no terceiro andar do edifício principal da casa. Ele estava desarmado e vestindo uma túnica e calças largas. Os agentes relatam que bin Laden foi atingido e morto por dois tiros, tendo sido um na cabeça. 


Toda a operação demorou 38 minutos e o corpo de Osama foi levado para Jalalabad, no Afeganistão. Como ele havia levado um tiro na cabeça, foi necessário realizar alguns métodos de identificação do corpo, como a medida do cadáver de bin Laden que correspondeu a sua altura de 1,93; também foi utilizado um programa de reconhecimento facial da CIA que constatou uma taxa de semelhança de 90 a 95%. 


 


No dia 02 de maio de 2011 o corpo de bin Laden foi transportado para o navio-almirante do Carrier Strike Group One, que opera no Mar Arábico. Depois, o corpo foi lavado e enrolado em uma toalha branca seguindo os rituais árabes e arremessado no mar. 


Obama anunciando a morte de bin Laden

 

A al-Qaeda se pronunciou sobre a morte de bin Laden ameaçando os Estados Unidos. Convidou os paquistaneses a "levantar-se e revoltar-se" contra a morte de bin Laden. E ainda disse que a morte de Osama será "uma maldição para os Estados Unidos", e que os norte-americanos seriam perseguidos dentro ou fora de seu país." 

 

Após a morte de Osama bin Laden, os Estados Unidos começaram a retirada dos primeiros soldados de sua tropa no Afeganistão no mesmo ano, em 2011. O primeiro contingente contava com 650 homens, que estavam destacados a nordeste da capital afegã. Eles deixaram o Afeganistão e não foram substituídos 


 


Até aquele momento os Estados Unidos ainda mantinham cerca de 100.000 soldados no país. No final do mês de junho de 2011, o presidente Barack Obama anunciou a retirada de um terço do contingente norte-americano até 2012. 

 

De forma resumida, as ocupações de países considerados Estados-bandido" pelos Estados Unidos resultou em algumas guerras e conflitos, sendo elas: a Guerra do Afeganistão, que aconteceu entre os anos de 2001 até 2021, nesse conflito houve a queda do governo Talibã no Afeganistão; a Destruição de acampamentos da Al-Qaeda; Insurgência Talibã; Guerra no Noroeste do Paquistão; Morte de Osama bin Laden, líder da Al-Qaeda; Ofensiva talibã em 2021 e retorno do Talibã ao poder; Guerra do Iraque, entre os anos de 2003 a 2011 e Queda do governo do partido Baath no Iraque; Execução de Saddam Hussein; Eleições livres; Insurgência iraquiana; Guerra contra o Estado Islâmico (EI):Guerra Civil Iraquiana, entre os anos de 2011 a 2017; Insurgência islâmica na Nigéria; Guerra Civil da Síria, entre os anos de 2011 até os dias de hoje; OLD (Operação Liberdade Duradoura) Chifre da África; OLD Filipinas; e Guerra Civil Iemenita, entre os anos de 2014 até hoje.





 



A crise humanitária do Afeganistão. 




 

Quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão em 2001, após os ataques do 11 de setembro, o Talibã detinha o controle do país e inclusive mantinha alianças com a Al-Qaeda e outros grupos terroristas. A invasão dos EUA deu início a uma guerra pelo poder do país. 





 

O Talibã é um grupo fundamentalista e nacionalista islâmico que se difundiu no Paquistão e no Afeganistão, a partir do ano de 1994 e que, efetivamente, governou cerca de 3/4 do Afeganistão entre os anos de 1996 a 2001. 


 





Além de os Estados Unidos, outras nações entraram na guerra em apoio aos norte-americanos, como a França, a Alemanha e o Reino Unido. Dessa forma o Talibã acabou perdendo terreno e a Coalizão conseguiu estabelecer, em Cabul, capital do Afeganistão, um governo apoiado pelo Ocidente. 

 

Durante o regime Talibã no Afeganistão, várias atividades foram proibidas, como: leitura de alguns livros; portar câmeras sem licença; cinema, televisão e videocassetes (considerados decadentes e promotores da pornografia ou de ideias não muçulmanas); internet; música; artes (pinturas, estátuas e esculturas de outras religiões); empinar pipas (papagaios de papel) - (considerado perda de tempo, além de serem usadas em rituais hindus); fotografar mulheres e exibir tais fotografias; luta de cães; previsão do tempo; e marinar alimentos. 

 

Além de todas essas atividades proibidas, as mulheres foram as maiores vítimas desse regime extremista patriarcal. Desde o surgimento do Talibã, foi travada uma autêntica "guerra contra as mulheres", negando-lhes educação, trabalho e assistência médica.  

 

As mulheres foram forçadas a usar a burca de corpo inteiro em que somente os olhos das mulheres podem ser vistos através de uma rede; além disso as mulheres foram proibidas de usar sapatos e meias brancas e de fazer ruído enquanto caminhavam; as mulheres só poderiam sair se acompanhadas por um chaperon masculino. 

 



Caso os integrantes do Talibã entendessem que alguma mulher ou menina descumpriu as ordens do novo regime, elas eram açoitadas em praça pública e poderiam até serem assassinadas. 

 

O Talibã seguiu com ataques, atentados terroristas e expandiu sua influência política. Com a ajuda dos soldados afegãos, as forças internacionais tentavam conter o grupo terrorista. 


 





Os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a OTAN, atuaram por duas décadas para proteger seus aliados e principalmente os Estados Unidos, mas começaram sua retirada em maio de 2021.  


 








Com a guerra o Afeganistão se tornou um verdadeiro e constante cenário de devastação total, sendo um dos países mais pobres do mundo. 


 









De acordo com uma pesquisa da Universidade Brown, nos EUA, divulgada pela rede BBC estima-se que mais de 242.000 as vidas foram perdidas durante a guerra.  

 

Mais de 2.300 militares americanos foram mortos e mais de 20.000 foram feridos. Mais de 450 soldados britânicos foram mortos, assim como centenas de soldados de outras nacionalidades. 



 



Ao menos 69.000 civis afegãos morreram em decorrência dos conflitos no país e também nas áreas da fronteira com o Paquistão. 




 




O talibã conseguiu se manter durante esses 20 anos da guerra com base em atividades ilícitas que o tornou o mais poderoso empreendimento do Afeganistão. E de acordo com um relatório confidencial da OTAN que foi disponibilizado somente no ano passado, o orçamento do grupo terrorista para atividades de 2019 e 2020 foi de US $1,6 bilhão (R$ 8,4 bilhões na cotação atual). 







 



Entre as atividades lucrativas do grupo, está principalmente o tráfico de drogas; extorsão e cobrança de impostos de fazendeiros de papoula, mineração e de doações de fundos de caridade, especialmente de países do Golfo. 

 

A saída dos Estados Unidos do solo afegão iniciou logo após a morte de Osama bin Laden. Em 2012 Obama já havia definido a diminuição de mais de 1/3 dos soldados norte-americanos no país e a ordem era para que até janeiro de 2017 os Estados Unidos não tivessem mais soldados em território afegão.  

 

Porém, na época, Obama entendeu que o Afeganistão ainda não estava pronto para a retirada completa das tropas e apenas reduziu o contingente para 9 mil militares. 
 

Em fevereiro de 2020, Donald Trump se reuniu com integrantes do Talibã e foi assinado um acordo que determinava a retirada completa dos soldados norte-americanos e os da OTAN do território afegão, dentro de 14 meses. 


 

A retirada das tropas americanas do Afeganistão dependia do cumprimento, pelo Talibã, de compromissos previstos no acordo, como o de não permitir que a Al-Qaeda ou qualquer outro grupo extremista opere em áreas controladas por ele. 

 

O Talibã também se comprometeu a não enfrentar tropas estrangeiras, mas seguiu com ataques contra o exército afegão durante todo o período de retirada dos soldados norte-americanos e da OTAN. 


 




Os Estados Unidos gastaram cerca de 3 trilhões de dólares ao longo desses 20 anos de "Guerra ao Terror" e ocupação do Afeganistão. Durante todo esse período o país voltava a viver de forma livre e as mulheres podiam experienciar a vida tendo seus direitos humanos respeitados. Mas a guerra ainda era devastadora. 


 




























Porém, essa realidade já foi completamente comprometida e a situação de vulnerabilidade das mulheres sob um regime extremista é uma preocupação e gera pânico para todas as Nações que se preocupam com a dignidade da pessoa humana. 


Para finalizar o caso de hoje, deixo aqui a frase de Audre Lorde, que descreve meu sentimento sobre o que acontece com as mulheres no Afeganistão (no regime do Talibã): "Não serei livre enquanto alguma mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas".

Fontes de pesquisa:

https://www.youtube.com/watch?v=8yLNS6VOpKQ&ab_channel=CNNBrasil

https://www.youtube.com/watch?v=LqlqeiuO4sM&ab_channel=BBCNewsBrasil

https://pt.wikipedia.org/wiki/Talib%C3%A3

https://pt.wikipedia.org/wiki/Morte_de_Osama_bin_Laden

https://pt.wikipedia.org/wiki/Talib%C3%A3

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2021/09/06/na-prisao-de-guantanamo-eua-ainda-mantem-dezenas-detidos-sob-pretexto-da-guerra-contra-o-terrorismo.ghtml

https://www.youtube.com/watch?v=fFdDSDI5JHw&ab_channel=NexoJornal

https://www.youtube.com/watch?v=FE5qhzvX7gg&ab_channel=CBSNews

https://www.youtube.com/watch?v=gfW1IfNtGP0&ab_channel=BBCNewsBrasil

https://www.youtube.com/watch?v=l6WFaKIgJf0&ab_channel=BBCNewsBrasil

https://istoe.com.br/exposicao-em-nova-york-detalha-a-cacada-a-osama-bin-laden/

https://www.youtube.com/watch?v=_dfbinJuQgs&ab_channel=euronews%28emportugu%C3%AAs%29


Documentário Ponto de Virada: 11/09 e a Guerra ao Terror

https://www.netflix.com/title/81315804

Trailer 

https://www.youtube.com/watch?v=NqgNFGkOjBE&feature=emb_imp_woyt&ab_channel=Netflix


"Técnicas aprimoradas de interrogatório"

https://www.bbc.com/portuguese/videos_e_fotos/2015/08/150805_tortura_estados_unidos_lgb


Captura de Osama bin Laden

https://www.youtube.com/watch?v=pwZ7K6Ylbc8&ab_channel=worldnewsbrasil

https://www.youtube.com/watch?v=SEXrheYG90I&ab_channel=euronews%28emportugu%C3%AAs%29


Pronunciamento de Obama sobre a morte de bin Laden

https://www.youtube.com/watch?v=opYJ3XWc37E&t=77s&ab_channel=FolhadeS.Paulo


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Por Thainá Bavaresco.

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