Andrei Chikatilo - O Estripador de Rostov

A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: assassinato, pedofilia, tortura, estupro, necrofilia, dilaceração e canibalismo. Não é indicado para pessoas sensíveis e é recomendado para maiores de 18 anos. 

"Se Chikatilo tivesse vivido alguns séculos antes, seria considerado um tipo bem especifico de monstro: um licantropo, um homem aparentemente normal que, quando dominado pela sede de sangue, transforma-se em uma criatura voraz que ataca e estraçalha suas vítimas, rasga seus corpos e devora sua carne, exultando com o banho de sangue."


Andrei Romanovich Chikatilo, nasceu no dia 16 de outubro de 1936, na vila de Yabluchne na cidade de Sumy Oblast da República Socialista Soviética da Ucrânia. Filho de Anna Chikatilo e Roman Chikatilo, sua infância fora marcada pela fome, pobreza e guerra. 

 

Na época em que Andrei nasceu, a Ucrânia ainda sofria as consequências do período da Grande Fome, ou Holodomor, que matou entre 1,8 à 12 milhões de pessoas no país. O período de mais intensidade ocorreu entre os anos de 1932 e 1933, porém, a coletivização forçada da agricultura por Josef Stalin, ainda era uma realidade em 1936. 




Crianças durante a grande fome ucraniana no início da década de 1930 / Crédito: Wikimedia Commons


Josef Stalin


Memorial Holodomor

A coletivização forçada da agricultura, foi a expropriação de terras, colheitas e gado, pertencentes aos camponeses entre os anos de 1929 a 1931. Dessa forma, o Estado soviético passou a estabelecer planos de coleta para a produção agropecuária, que lhe permitiam regular e abastecer as cidades e as forças armadas.  

 

Também foi estabelecido um efetivo controle político-administrativo sobre o campesinato (conjunto de grupos sociais de base familiar que se dedica a atividades agrícolas, com graus diversos de autonomia), forçando-os a apoiar o regime soviético. Esse apoio seria igualmente garantido com a eliminação da camada social mais próspera e favorável à economia de mercado, os kulaks. 

 

  • - Kulaks é um termo pejorativo usado por políticos soviéticos para se referir a camponeses relativamente ricos do Império Russo que possuíam extensas fazendas e faziam uso de trabalho assalariado em suas atividades. 





Os pais de Andrei eram trabalhadores de fazendas coletivas e a família vivia em uma cabana de apenas um cômodo. Eles não recebiam salário por seu trabalho, e só podiam cultivar o próprio alimento em um pedaço de terra que ficava atrás da cabana da família. Em decorrência disso, a família raramente tinha comida suficiente para todos, Andrei afirmou posteriormente que comeu pão pela primeira vez aos 12 anos de idade. 

Roman, Anna e Andrei Chikatilo


Roman e Anna Chikatilo

Além de toda a dor causada pela pobreza e fome, Anna sempre contava a Andrei sobre seu irmão mais velho, Stepan, que teria sido sequestrado e canibalizado por vizinhos famintos na época de holodomor. O canibalismo era infelizmente uma realidade muito triste nessa época, porém, não se sabe ao certo se Stepan realmente existiu, já que não foram encontrados registros de seu nascimento. 

 

Durante a infância de Andrei a Segunda Guerra Mundial se sucedia, e quando a União Soviética se uniu aos "Aliados" para lutar contra os Nazistas, Roman (pai de Andrei), foi recrutado para o Exército Vermelho. Durante a guerra Roman foi ferido em combate e levado como prisioneiro. 

 

Entre os anos de 1941 a 1944, Andrei testemunhou alguns dos efeitos da ocupação nazista na Ucrânia, como bombardeios, incêndios e tiroteios dos quais ele e sua mãe se escondiam em porões e valas. Em uma dessas ocupações a cabana da família fora queimada e a fazenda que trabalhavam devastada. Mais tarde, eles passaram a dividir uma cama de solteiro para dormir, mas Andrei começou a sofrer de enurese noturna, e Anna ficava furiosa e espancava Andrei todas as vezes que isso acontecia. 

 

Em 1943, Andrei ganhou uma irmã caçula chamada Tatyana. Como Roman ainda estava em combate, e muitas mulheres ucranianas foram estupradas por soldados alemães durante a guerra, especula-se que Anna tenha sido vítima de estupro, e que Tatyana tenha sido concebida como resultado desse crime. Outra questão apontada foi o fato de que provavelmente Andrei presenciou tudo, já que eles moravam em uma cabana de um cômodo na época.  

 

Em setembro de 1944, Andrei começou a estudar, era considerado uma criança tímida, inteligente e esforçada. Fisicamente era extremamente magro e fraco. Utilizava trapos como roupa, e, em 1946 frequentemente aparecia na escola com o estômago inchado em decorrência da fome resultante do pós-guerra que assolou grande parte da União Soviética.  

 

Em várias ocasiões, a fome fez Andrei desmaiar tanto em casa quanto na escola, por causa disso ele acabava sendo alvo de outros colegas de sala que o agrediam por ser muito magro e quieto. Em casa, a situação de Andrei e Tatyana também não era muito diferente, pois, de acordo com Andrei, sua mãe era bastante violenta. Ele relatou que seu pai era um homem gentil, enquanto sua mãe era dura e implacável.  

 

Durante a vida, apesar de todas as mazelas, Andrei desenvolveu uma paixão pela leitura e memorização de dados, e muitas vezes estudava em casa, tanto para aumentar seu senso de autoestima, quanto para compensar sua miopia que o impedia de ler a lousa da sala de aula. 

 

Na adolescência, Andrei seguiu sendo um estudante modelo e inclusive, foi nomeado como editor do jornal da escola aos 14 anos e presidente do comitê do Partido Comunista dos alunos aos 16. Embora manter os estudos tenha sido uma tarefa extremamente difícil para Andrei, seja pela dificuldade de enxergar, ou pela pobreza e fome, ele foi o único aluno de sua fazenda coletiva a completar o último ano de estudo, graduando-se com excelentes notas em 1954.  

 

No início da puberdade, Andrei descobriu que sofria de impotência sexual, piorando ainda mais a sua "estranheza social". Ele era tímido e na companhia de mulheres a timidez o deixava ainda pior. A sua primeira paixão aconteceu aos 17 anos, quando Andrei conheceu uma garota chamada Lilya Barysheva, através do jornal da escola, mas ele nunca a pediu em namoro.  

 

No mesmo ano, Andrei pulou em cima de uma garota de 11 anos, ela era amiga de sua irmã Tatyana. Ele a derrubou no chão, e ejaculou enquanto a garota tentava sair debaixo dele. O episódio foi extremamente perturbador, e Andrei não voltou a repeti-lo.  

 

Após sua formatura, Andrei solicitou uma bolsa de estudos na Universidade Estadual de Moscou. Ele passou no exame admissional da faculdade, mas suas notas não foram boas o suficiente para contemplar a bolsa. Andrei ficou furioso e chegou a pressupor que na verdade a bolsa teria sido rejeitada devido ao histórico de guerra de seu pai, que ficou rotulado como traidor, quando na verdade foi prisioneiro de guerra. Nunca ficou comprovado o verdadeiro motivo da recusa da bolsa. 

 

Depois disso ele não tentou se matricular em outra universidade e viajou para a cidade de Kursk, na Rússia onde trabalhou como operário por três meses. Em 1955 ele se abriu novamente aos estudos e começou um curso técnico voltado para a área de comunicação. Nesse mesmo ano, Andrei começou a namorar com uma garota local dois anos mais nova que ele. Mas, um ano e meio depois o relacionamento terminou por supostamente, Andrei ainda sofrer de impotência sexual. 

 

Ele seguiu com a vida, fez por 2 anos um treinamento vocacional, e se mudou para a cidade de Nizhny Tagil, de Oblast de Sverdlovsk, na Rússia, para trabalhar em um projeto de construção de longo prazo nos Montes Urais. Enquanto morava em Nizhny Tagil, ele também realizou cursos por correspondência em Engenharia no Instituto Eletrotécnico de Comunicação de Moscou. (e a gente achando que o EAD é coisa nova). 

 

Ele trabalhou nos Urais por dois anos até ser convocado para o exército soviético em 1957. Andrei cumpriu seu serviço militar obrigatório entre os anos de 1957 a 1960, e foi designado primeiro para servir com guardas de fronteira na Ásia Central, e depois para uma unidade de comunicações da KGB em Berlim Oriental. Nessa época seu histórico de trabalho foi impecável, e ele se juntou ao Partido Comunista pouco antes do seu serviço militar terminar em 1960. 

 

  • - A KGB é a sigla em russo para Comitê de Segurança do Estado, o serviço secreto da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Órgão ligado ao Partido Comunista, a KGB foi criada em 1954, sendo um dos mais temidos e eficientes serviços secretos do mundo.  




Sede da KGB

Ao completar o serviço militar, Andrei retornou à sua cidade natal para morar com seus pais. Ele acabou se interessando por uma jovem divorciada, mas o relacionamento de três meses terminou depois várias tentativas malsucedidas de manter relações sexuais. O problema acabou piorando, depois que Andrei ficou "conhecido" na cidade por ser "brocha", já que a jovem acabou pedindo conselhos a seus amigos sobre o probleminha de Andrei na cama. 

 

Como resultado disso, Andrei deu uma entrevista de 1993 e falou sobre esse incidente, declarando que: "As meninas estavam indo pelas minhas costas, sussurrando que eu era impotente. Eu estava tão envergonhado. Tentei me enforcar. Minha mãe e alguns vizinhos me tiraram do laço. Bem, eu pensei que ninguém iria querer um homem tão envergonhado. Então eu tive que fugir de lá, longe da minha terra natal."  

 

E Andrei realmente foi embora de sua cidade quando, em 1961, conseguiu um emprego como engenheiro de comunicações em Rostov-on-Don (Rostóvia do Dom), cidade portuária da Rússia, e capital da província homônima. Localizada no sul do país, às margens do rio Dom.  

 

Ele alugou um pequeno apartamento perto de seu novo emprego, e no mesmo ano, sua irmã mais nova, Tatyana, foi morar com ele após terminar os estudos. Tatyana morou com seu irmão por seis meses antes de se casar com um jovem local e se mudar para a casa de seus sogros. 

 

Em entrevistas posteriores ela relatou não ter notado nada de desagradável em relação ao estilo de vida de Andrei, além de sua timidez crônica em relação às mulheres. Um tempo depois de Tatyana se mudar para Rostov, Anna e Roman também se juntaram a família e se instalaram na cidade. Nesse tempo, Tatyana ajudou Andrei a encontrar uma esposa e começar uma família.  

 

E em 1963, Andrei se casou com uma mulher chamada Feodosia Odnacheva. Segundo Andrei, embora se sentisse atraído por sua esposa, seu casamento havia sido arranjado, já que, segundo ele, ocorreu duas semanas depois de eles serem apresentados por Tatyana.  

 

Andrei afirmou que sua vida sexual com a esposa era mínima e que, depois de Feodosia entender que ele era incapaz de manter uma ereção, eles concordaram que ela engravidaria com ele ejaculando externamente e empurrando seu sêmen para dentro da vagina com os dedos. Estranhamente isso deu certo, porque em 1965, Feodosia deu à luz a Lyudmila e quatro anos depois, em 1969, nasceu um outro filho chamado Yuri. 

 

Em 1964 Andrei ingressou na Universidade de Rostov para cursar Literatura Russa, faculdade que também cursou por correspondência e, obteve seu diploma em 1970. Depois disso, ele conseguiu um emprego gerenciando atividades esportivas regionais. E permaneceu no cargo por um ano, antes de iniciar sua carreira como professor de língua e literatura russa em Novoshakhtinsk. 

 

Andrei foi em grande parte ineficaz como professor, pois, embora conhecedor das matérias que lecionava, raramente conseguia manter a disciplina em suas aulas e era regularmente ridicularizado por alguns de seus alunos. Segundo Andrei, isso acontecia por ele ser uma pessoa retraída. 

 

Em maio de 1973, Andrei cometeu sua segunda agressão sexual (a primeira foi o episódio com a garota de 11 anos quando ele ainda era um adolescente), dessa vez, foi contra uma aluna. Ele nadou em direção a garota de 15 anos e apalpou seus seios e genitais, ejaculando enquanto a garota lutava contra o assédio.  

 

Meses depois, Andrei agrediu sexualmente e espancou outra adolescente que havia se trancado em sua sala de aula. Ele não foi punido por nenhum desses incidentes, nem pelas ocasiões em que colegas professores verem Andrei se acariciando na presença de seus alunos.  

 

Um dos deveres de Andrei na escola era monitorar os alunos que moravam nas residências estudantis, como por exemplo, ver se eles estavam em seus dormitórios a noite. Andrei acabou ficando conhecido como o professor que entrava no dormitório das meninas na esperança de vê-las despidas. 

 

Em resposta ao número crescente de queixas apresentadas contra ele pelos alunos, o diretor da escola o convocou para uma reunião e o informou que ele deveria renunciar voluntariamente ao cargo ou seria demitido. Andrei então deixou o cargo discretamente e conseguiu outro emprego também como professor em outra escola da cidade em janeiro de 1974.  

 

Ele perdeu esse emprego como resultado de corte de pessoal em setembro de 1978, mas logo ingressou em outro cargo como professor numa Escola Técnica em Shakhty, uma cidade conhecida por mineração de carvão a quarenta e sete milhas de Rostov. 

 

Nessa nova cidade Andrei cometeu seu primeiro assassinato. Na noite de 22 de dezembro de 1978, ele atraiu uma menina de 9 anos chamada Yelena Zakotnova para uma velha casa que ele havia comprado secretamente, ele tentou estuprá-la, mas não conseguiu uma ereção.  

 

Quando a menina lutou, ele a sufocou e a esfaqueou três vezes no abdômen, e ejaculou enquanto esfaqueava a criança. Em uma entrevista após sua prisão em 1990, Andrei lembrou que após esfaquear a menina, ela havia falado alguma coisa com a voz rouca.  Mas voltando na noite do crime, depois que Andrei a estrangulou, jogou seu corpo no rio Grushevka. O corpo da garota foi encontrado dois dias depois. 

 

Inúmeras evidências ligavam Andrei ao assassinato de Yelena, como: as manchas de sangue que foram encontradas na neve perto da casa que Andrei havia comprado; os vizinhos notaram que Andrei esteve na casa na noite do dia 22 de dezembro; A mochila escolar de garota foi encontrada na margem oposta do rio no final da rua (indicando que a menina havia sido jogada no rio neste local); e uma testemunha deu à polícia uma descrição detalhada de um homem muito parecido com Andrei. A testemunha afirmou que viu o homem conversando com Yelena no ponto de ônibus onde a garota foi vista pela última vez com vida.  

 

Apesar desses fatos, um trabalhador de 25 anos chamado Aleksandr Kravchenko (Alek), que já havia sido condenado por estupro e assassinato de uma adolescente, foi preso pelo assassinato de Yelena. Uma busca na casa de Alek revelou manchas de sangue no suéter de sua esposa: a amostra de sangue não foi suficiente para uma análise precisa e o sangue poderia ser tanto da garota, como da esposa de Alek. 

 

Alek tinha um álibi para a tarde do dia 22 de dezembro de 1978, pois, ele estava em casa com sua esposa e uma amiga, os vizinhos do casal confirmaram o álibi. Porém, durante o interrogatório da esposa e amiga, a polícia as coagiu e elas mudaram a versão da história dizendo que Alek não havia retornado para casa no dia 22. 

 

Confrontado com os testemunhos alterados, Alek confessou o crime e foi julgado pelo assassinato de Yelena em 1979. No julgamento Alek retirou a confissão e manteve a versão original de sua história, se declarando inocente. Ele ainda afirmou que sua confissão havia sido obtida sob extrema coação. Mas apesar da retratação, Alek foi condenado e sentenciado à morte.  

 

Em dezembro de 1980 a sentença foi comutada para quinze anos de prisão pela Suprema Corte. Porém, a família da vítima ficou revoltada e requereu a revisão da comutação, a pena foi revista e a Corte determinou a execução de Alek, que foi fuzilado em julho de 1983 pelo assassinato de Yelena. 

 

A carreira de Andrei como professor terminou em março de 1981, após várias denúncias de abuso sexual infantil contra alunos e alunas. No mesmo mês, ele começou a trabalhar como balconista de suprimentos para uma fábrica com sede em Rostov, que produzia materiais de construção. Esse trabalho exigia que Andrei viajasse extensivamente por grande parte da União Soviética, para comprar as matérias-primas necessárias para cumprir as cotas de produção ou negociar contratos de fornecimento. 

 

Após o assassinato de Yelena, Andrei somente conseguia atingir excitação sexual e orgasmo enquanto esfaqueava mulheres e crianças até a morte. Quando foi preso, disse que o desejo de reviver a experiência o havia sobrecarregado. Andrei ainda enfatizou que lutou para resistir a esses impulsos, realizando as viagens de trabalho ao invés de enfrentar a tentação de procurar por vítimas. 


No dia 3 de setembro de 1981, Andrei encontrou uma estudante de 17 anos chamada Larisa Tkachenko, parada em um ponto de ônibus enquanto saía de uma biblioteca pública no centro da cidade de Rostov. De acordo com sua confissão posterior, Andrei atraiu Larisa para uma floresta perto do rio Don com o pretexto de beber vodka e "relaxar". Quando chegaram a uma área isolada, ele jogou a garota no chão arrancou suas roupas e tentou estupra-la. 

 

Andrei não conseguiu ter uma ereção, e a sufocou com lama para abafar seus gritos. Depois disso ele a espancou e a estrangulou até a morte. Como não tinha faca, Andrei mutilou o corpo da jovem com os próprios dentes e um pau. Ele também arrancou um mamilo de Larisa com os dentes antes de cobrir o corpo dela com folhas, galhos e páginas rasgadas de jornal. O corpo de Larisa foi encontrado no dia seguinte. 

 

Nove meses após o assassinato de Larisa, em 12 de junho de 1982, Andrei viajou de ônibus para o distrito Bagayevsky de Rostov e precisou trocar de ônibus na vila de Donskoi, então, ele decidiu continuar o caminho a pé. Ao sair da rodoviária, Andrei encontrou uma garota de 13 anos, chamada Lyubov Biryuk, que estava voltando para casa depois de uma viagem de compras.  

 

Os dois caminharam juntos por um tempo até que Andrei atacou a garota, e a arrastou-a para uma área de vegetação próxima. Ele rasgou o vestido da menina e a esfaqueou até a morte, enquanto imitava um estupro.  

 

O corpo da garota foi encontrado no dia 27 de junho, e o médico legista descobriu evidências de vinte e dois ferimentos de faca infligidos na cabeça, pescoço, tórax e região pélvica. Outras feridas encontradas no crânio e sugeriram que o assassino havia atacado Biryuk por trás com o cabo de uma faca. Além disso, vários vasos sanguíneos estavam estourados nas órbitas oculares da garota, que sugeriam enforcamento. 

 

Após o assassinato de Biryuk, Andrei não tentou mais resistir aos seus impulsos homicidas: entre julho e setembro de 1982, ele matou mais cinco vítimas entre 9 e 18 anos. E ao longo dos 12 anos que se seguiram, Andrei rondou paradas de ônibus e estações de trem em Rostov e outras regiões a procura de vítimas. 

 

Seu modus operandi era abordar suas vítimas, (normalmente crianças (menino ou menina), e mulheres) e oferecer comida, dinheiro ou passeios de carro. Então, levava suas vítimas para a floresta, onde ele as amarrava com uma corda e as atacava usando uma faca, os dentes ou as próprias mãos. As mulheres que Andrei assassinava eram em sua maioria prostitutas ou mulheres em situação de rua e as crianças que estivessem sozinhas podiam se tornar alvos de Andrei. 

 

Ele rasgava seus ventres, arrancava nariz e olhos, cortava e comia a língua, mamilos e genitais - Às vezes enquanto elas ainda estavam vivas. Andrei comia os órgãos internos das vítimas e mais tarde confessou ter especial predileção pelo sabor e a textura do útero. 

 

Como o dogma soviético insistia que o assassinato em série era um produto do capitalismo decadente -algo que nunca poderia existir em um Estado comunista -, os assassinatos nunca foram divulgados na imprensa, deixando a população desprevenida e ainda mais vulnerável às ações destrutivas de Andrei. Em diversas ocasiões, Andrei foi considerado suspeito pela polícia, mas sempre era dispensado por falta de provas concretas.  

 

Em 11 de dezembro de 1982, Andrei encontrou uma menina de 10 anos chamada Olga Stalmachenok indo de ônibus para a casa de seus pais em Novoshakhtinsk e convenceu a criança a sair do ônibus com ele. Ela foi vista pela última vez por um passageiro, que relatou que um homem de meia-idade levou a menina com firmeza pelas mãos. Andrei levou a garota para um milharal nos arredores da cidade, esfaqueou-a mais de cinquenta vezes ao redor da cabeça e do corpo, rasgou seu peito e arrancou seu intestino e útero. 

 

Em janeiro de 1983, quatro vítimas foram provisoriamente ligadas ao mesmo assassino. Uma equipe da polícia de Moscou, chefiada pelo Major Mikhail Fetisov, foi enviada a Rostov para dirigir a investigação, que gradualmente ficou conhecida entre os militares como "Operação Caminho da Floresta".  

 

Fetisov estabeleceu uma equipe de dez investigadores com base em Rostov, encarregados de resolver todos os quatro casos. Em março de 1983, Fetisov designou um analista forense chamado, Viktor Burakov, para chefiar a investigação. No mês seguinte, o corpo de Olga foi encontrado.  

 

Viktor examinou a cena do crime, e verificou as numerosas feridas de faca e eviscerações realizadas na criança, além de também constatar que haviam vasos sanguíneos estourados nas suas órbitas oculares da vítima. Viktor disse que, ao notar as estrias nas órbitas oculares de Olga, qualquer dúvida sobre a presença de um serial killer evaporou.  

 

Andrei não voltou a matar até junho de 1983, quando assassinou uma menina armênia de 15 anos chamada Laura Sarkisyan; seu corpo foi encontrado perto de uma plataforma ferroviária perto de Shakhty. Em setembro, ele havia matado mais cinco vítimas. O acúmulo de corpos encontrados e as semelhanças entre o padrão de ferimentos infligidos às vítimas forçaram as autoridades soviéticas a reconhecer que um serial killer estava à solta.  

 

No dia 6 de setembro de 1983, o promotor público da União Soviética vinculou formalmente seis dos assassinatos atribuídos ao mesmo assassino. Que ficou justificado em decorrência da selvageria dos assassinatos e a precisão das eviscerações sobre os corpos das vítimas, a polícia teorizou que os assassinatos haviam sido conduzidos por um grupo de tráfico de órgãos, trabalho de um culto satânico, ou um indivíduo mentalmente doente.  

 

Grande parte do esforço policial se concentrou na teoria de que o assassino deveria ser mentalmente doente, homossexual ou pedófilo, e os álibis de todos os indivíduos que passaram algum tempo em enfermarias psiquiátricas ou foram condenados por homossexualidade ou pedofilia foram verificados e logado a um sistema de arquivamento de cartões. Agressores sexuais registrados também foram investigados e, se comprovados seus álibis, eliminados do inquérito. 

 

A partir de setembro de 1983, vários jovens confessaram os assassinatos, embora esses indivíduos fossem muitas vezes jovens com deficiência intelectual que admitiram os crimes apenas sob interrogatórios prolongados e muitas vezes brutais. Três homossexuais conhecidos e um criminoso sexual condenado cometeram suicídio como resultado das "técnicas aprimoradas de interrogatório". Como resultado da investigação, mais de 1.000 crimes não relacionados, incluindo noventa e cinco assassinatos, 140 agressões agravadas e 245 estupros, foram resolvidos.  

 

No entanto, à medida que a polícia obtinha confissões dos suspeitos, os corpos continuavam a ser descobertos, provando que os suspeitos que haviam confessado não poderiam ser o assassino que procuravam. No dia 30 de outubro de 1983, o corpo eviscerado de uma prostituta de 19 anos, chamada Vera Shevkun, foi encontrado em Shakhty.  

 

Vera havia sido assassinada três dias antes, em 27 de outubro. E embora as mutilações infligidas ao corpo de Vera fossem características daquelas encontradas em outras vítimas ligadas ao assassino desconhecido, os olhos da vítima não estavam com vasos estourados.  

 

Dois meses depois, em 27 de dezembro, um estudante de 14 anos, chamado Sergey Markov, foi atraído para fora de um trem e assassinado em uma estação rural perto de Novocherkassk. Markov foi castrado e sofreu mais de setenta facadas no pescoço e na parte superior do tronco antes de ser eviscerado.  

 

Em janeiro e fevereiro de 1984, Andrei matou duas mulheres no Parque dos Aviadores de Rostov. Em 24 de março, ele atraiu um menino de 10 anos, chamado Dmitry Ptashnikov, mas enquanto caminhava com o garoto, foi visto por várias testemunhas que deram aos investigadores uma descrição detalhada do assassino. Quando o corpo de Dmitry foi encontrado três dias depois, a polícia também encontrou uma pegada do assassino e amostras de sêmen e saliva nas roupas da vítima.  

 

Em 25 de maio, Andrei matou uma jovem chamada Tatyana Petrosyan e sua filha de 10 anos, Svetlana, em uma área arborizada nos arredores de Shakhty; Tatyana conhecia Andrei há vários anos antes de seu assassinato. No final de julho, ele havia matado mais três jovens com idades entre 19 e 21 anos e um menino de 13 anos.  

 

No verão de 1984, Andrei foi demitido de seu trabalho como balconista de suprimentos pelo roubo de dois rolos de linóleo, mas negou as acusações. No dia primeiro de agosto encontrou outro emprego como balconista de suprimentos em Rostov. E no dia 2 de agosto, matou uma garota de 16 anos, chamada Natalya Golosovskaya, no Parque dos Aviadores.  

 

Depois disso matou pelo menos mais 4 crianças. E Dentro de duas semanas, o corpo nu de um menino de 11 anos chamado Aleksandr Chepel foi descoberto nas margens do rio Don, estrangulado, castrado, e com os olhos arrancados. 

 

Em 13 de setembro de 1984, Andrei foi observado por dois detetives disfarçados tentando conversar com mulheres jovens na rodoviária de Rostov. Os detetives o seguiram enquanto ele vagava pela cidade, tentando se aproximar de mulheres e cometendo atos de frotteurismo em locais públicos. (o transtorno frotteurista é a excitação sexual regular e intensa decorrente de tocar órgãos genitais e/ou seios e esfregar-se em pessoa que não permitiu). 


Após a chegada de Andrei ao mercado central da cidade, ele foi preso e detido. Uma busca em seus pertences revelou uma faca com lâmina de 20 centímetros, vários pedaços de corda e um pote de vaselina. Ele também foi descoberto sob investigação por roubo (pela acusação de seu ex patrão), o que deu aos investigadores o direito legal de detê-lo por um período prolongado de tempo.  

 

Os antecedentes duvidosos de Andrei foram descobertos, e sua descrição física combinava com a descrição do homem visto caminhando ao lado de Dmitry Ptashnikov antes do assassinato do menino. Uma amostra do sangue de Chikatilo foi retirada; cujos resultados revelaram que seu grupo sanguíneo era do tipo A, enquanto amostras de sêmen encontradas em um total de seis vítimas assassinadas pelo "assassino desconhecido" durante a primavera e o verão de 1984 foram classificados pelos médicos legistas como do tipo AB.  

 

O nome de Andrei foi adicionado ao arquivo de fichas usado pelos investigadores; no entanto, os resultados de sua análise do tipo sanguíneo o desconsideraram como sendo o "assassino desconhecido".  

 

Andrei acabou sendo considerado culpado por roubo de propriedade e sua filiação ao Partido Comunista foi revogada. Ele foi condenado a um ano de prisão pelo crime de roubo e ficou preso por três meses. 

 

Em 8 de outubro de 1984, o chefe do Ministério Público da Rússia vinculou formalmente 23 dos assassinatos de Andrei em um único caso e retirou todas as acusações contra os jovens deficientes mentais que já haviam confessado os assassinatos.  

 

Após sua libertação da prisão em dezembro de 1984, Andrei encontrou um novo trabalho em uma fábrica de locomotivas em Novocherkassk e manteve um perfil discreto. Ele não matou novamente até 1 de agosto de 1985 quando, em uma viagem de negócios a Moscou, encontrou uma mulher de 18 anos, chamada Natalia Pokhlistova, de pé em uma plataforma ferroviária perto do Aeroporto Domodedovo.  

 

Natalia foi levada para um bosque perto da aldeia de Vostryakovo, onde foi amarrada, esfaqueada 38 vezes no pescoço e no peito, e depois estrangulada até a morte.  

 

Com base na hipótese de que o assassino havia viajado do Oblast de Rostov para Moscou por via aérea, os investigadores verificaram todos os registros de voos da Aeroflot de passageiros que viajaram entre Moscou e a região de Rostov entre o final de julho e o início de agosto. Nesta ocasião, no entanto, Andrei havia viajado para Moscou de trem e, portanto, não existia documentação para os investigadores pesquisar.  

 

Quatro semanas depois, em 27 de agosto, Chikatilo matou outra jovem, chamada Irina Gulyaeva, em Shakhty. Como havia acontecido com Natalia, os ferimentos infligidos à vítima ligaram seu assassinato ao serial killer.  

 

Em novembro de 1985, um procurador especial, chamado Issa Kostoyev , foi nomeado para supervisionar a investigação, que nessa fase havia se expandido para incluir quinze procuradores e vinte e nove detetives designados para trabalhar exclusivamente na caçada ao serial killer de Rostov.  

 

Os assassinatos conhecidos ligados à caçada foram cuidadosamente reinvestidos, e a polícia começou outra rodada de interrogatório de criminosos sexuais e homossexuais conhecidos. No mês seguinte, a polícia retomou o patrulhamento das estações ferroviárias ao redor de Rostov, e oficiais do sexo feminino à paisana foram ordenadas a vagar pelas estações de ônibus e trem.  

 

A pedido de Viktor, a polícia também decidiu consultar um psiquiatra, o Dr. Alexandr Bukhanovsky, foi o primeiro a ser consultado para uma investigação de serial killer na União Soviética. Todos os relatórios da cena do crime e do médico legista foram disponibilizados para Alexandr, sob o entendimento de que ele produziria um perfil psicológico do assassino desconhecido para os investigadores. 

 

Em 6 de novembro de 1990, Chikatilo matou e mutilou uma mulher de 22 anos, chamada Svetlana Korostik, em uma floresta perto da estação Donleskhoz. Voltando à plataforma ferroviária, ele foi observado por um oficial disfarçado chamado Igor Rybakov, que observou Andrei aproximar-se de um poço e lavar as mãos e o rosto. Quando se aproximou da estação, Igor também notou que o casaco de Andrei estava sujo, com marcas de grama e terra nos cotovelos; o rosto de Andrei também tinha uma pequena mancha vermelha na bochecha, e o que parecia ser uma ferida grave em um de seus dedos. 

 

Igor o achou muito suspeito, pois, a única razão pela qual as pessoas entravam na floresta perto da estação de Donleskhoz naquela época do ano era para colher cogumelos selvagens (um passatempo popular na Rússia), mas Andrei não estava vestido como um típico catador da floresta; ele estava vestindo um traje mais formal. Além disso, ele tinha uma bolsa esportiva de nylon, imprópria para carregar cogumelos.  

 

Igor então, parou Chikatilo e verificou seus papéis, mas não tinha nenhuma razão formal para prendê-lo. Quando Igor voltou ao seu escritório, ele preencheu um relatório de rotina, contendo o nome da pessoa que ele havia parado na estação e o possível mancha de sangue observado em sua bochecha.  

 

Em 13 de novembro, o corpo de Korostik foi encontrado; ela era a trigésima oitava vítima ligada à caçada. A polícia convocou o oficial encarregado da vigilância na estação de Donleskhoz e examinou os relatórios de todos os homens parados e interrogados na semana anterior. 

 

Não só o nome de Andrei estava entre esses relatórios, mas era familiar para vários oficiais envolvidos no caso porque ele havia sido interrogado em 1984 e havia sido colocado em uma lista de suspeitos de 1987 compilada e distribuída por toda a União Soviética.   

 

Depois de verificar com os empregadores atuais e anteriores de Andrei os investigadores conseguiram colocá-lo em várias vilas e cidades no momento em que várias vítimas ligadas à investigação foram assassinadas. Questionamentos de ex-colegas da época em que Andrei lecionava revelaram que ele foi forçado a renunciar a dois cargos de professor devido a repetidas queixas de comportamento lascivo e agressão sexual feitas por seus alunos.  

 

A polícia colocou Andrei sob vigilância no dia 14 de novembro de 1990. Em vários casos, particularmente em trens ou ônibus, ele foi observado se aproximando de mulheres ou crianças solitárias e conversando com elas. Se a mulher ou criança interrompesse a conversa, Chikatilo esperava alguns minutos e depois procurava outro parceiro de conversa.  

 

Em 20 de novembro de 1990, após seis dias de vigilância, Andrei estava vagando pela ferrovia, tentando fazer contato com crianças que encontrou no caminho. Ao sair de um café, Andrei foi preso por quatro policiais à paisana. 

 


Após sua prisão, Chikatilo deu uma declaração alegando que a polícia estava enganada, e reclamou que ele também havia sido preso em 1984 pela mesma série de assassinatos. Uma revista do suspeito revelou mais uma prova: um dos dedos de Chikatilo tinha uma ferida profunda que ele havia tratado com iodo. Os médicos legistas concluíram que a ferida era de uma mordida humana.  

 

A penúltima vítima de Chikatilo, Viktor Tishchenko, era um jovem fisicamente forte. Na cena do crime, a polícia havia encontrado inúmeros sinais de uma luta física feroz entre a vítima e seu assassino. Embora um osso do dedo tenha sido encontrado mais tarde quebrado e sua unha tenha sido arrancada, Andrei nunca procurou tratamento médico para essa lesão.  

 

Uma busca nos pertences de Andrei revelou que ele tinha uma faca dobrável e dois pedaços de corda. Uma amostra de seu sangue foi coletada, e ele foi colocado em uma cela dentro da sede da KGB em Rostov com um informante da polícia, que foi instruído a conversar com Chikatilo e obter dele qualquer informação que pudesse.  

 

No dia seguinte, 21 de novembro, o interrogatório formal de Andrei Chikatilo começou. O interrogatório foi realizado por Issa Kostoyev. E a estratégia escolhida pela polícia para obter uma confissão foi levar Chikatilo a acreditar que ele era um indivíduo muito doente e que precisava de ajuda médica. A intenção era dar esperança a Andrei de que, se ele confessasse, seria processado por insanidade. A polícia sabia que seu caso contra Andrei Chikatilo era em grande parte circunstancial e, sob a lei soviética, eles tinham dez dias para deter um suspeito legalmente antes de acusá-lo ou libertá-lo. 



No dia 29 de novembro, a pedido de Viktor e Fetisov, o Dr. Alexandr foi convidado a ajudar no interrogatório do suspeito. Viktor leu trechos de seu perfil psicológico de 65 páginas para Andrei. Dentro de duas horas, ele começou a chorar e confessou que era realmente culpado por todos os crimes.  

 

De acordo com o protocolo oficial, Andrei confessou 36 dos 38 assassinatos que a polícia havia ligado a ele, e embora a polícia acreditasse que ele havia cometido os crimes inicialmente, algumas dúvidas surgiram sobre os casos.

 

Uma dessas vítimas foi Lyubov Golovakha, encontrado morto a facadas em 23 de julho de 1986. Muitos investigadores tinham dúvidas sobre a ligação com a caçada; a segunda foi Irina Pogoryelova, encontrada assassinada em Bataysk em 18 de agosto de 1986 e cujas mutilações se assemelhavam às infligidas a outras vítimas ligadas à caçada.  

 

Andrei deu uma descrição completa e detalhada de cada assassinato na lista de acusações, todas consistentes com os fatos conhecidos sobre cada assassinato. Quando solicitado, ele poderia desenhar um esboço de várias cenas de crime, indicando a posição do corpo da vítima e vários pontos de referência nas proximidades da cena do crime.  

 

Andrei ainda contou que evitava os jatos de sangue que saíam de suas vítimas enquanto ele as esfaqueava, e se sentava ou agachava ao lado delas até que seus corações parassem de bater, e acrescentou que os choros, o sangue e a agonia das vítimas o deixavam relaxado e traziam sentimento de prazer.  

 

"Percebi que uma menina de 12 ou 13 anos vinha atrás de mim, carregando uma espécie de bolsa na mão. Eu desacelerei e deixei que ela me alcançasse. Caminhamos juntos ao lado da floresta. Comecei a conversar com ela, sobre qualquer coisa que eu achasse que pudesse interessá-la. Eu lembro que ela disse que estava indo para casa. Então eu a empurrei para fora da estrada e a agarrei pela cintura e a arrastei para dentro do mato. A joguei no chão, rasguei suas roupas e deitei sobre ela. Ao mesmo tempo, eu a esfaqueava, imitando sexo." - Andrei Chikatilo confessando o assassinato de Lyubov Biryuk, de 13 anos, em 1982. 

 

Quando questionado sobre por que a maioria dos olhos de suas vítimas foram esfaqueados, cortados ou tinham os vasos de sangue estourados, mas não arrancados como os olhos de suas vítimas anteriores, Andrei afirmou que inicialmente acreditava em uma antiga superstição russa de que a imagem de um assassino fica impresso nos olhos da vítima. No entanto, ele afirmou que, "nos últimos anos", ele se convenceu de que isso era simplesmente um conto da carochinha e parou de arrancar os olhos de suas vítimas. 

 

Ele também contou que muitas vezes provou o sangue de suas vítimas, ao qual afirmou que "sentiu calafrios" e "tremeu todo". Ele também confessou ter rasgado a genitália, lábios, mamilos e línguas das vítimas com os dentes. Em vários casos, Chikatilo cortava ou mordia a língua de sua vítima enquanto realizava suas eviscerações.  

 

O interrogatório seguiu e Andrei relatou tudo em detalhes. No dia 30 de novembro de 1990, Andrei Chikatilo foi formalmente acusado de cada um dos trinta e seis assassinatos que havia confessado, todos cometidos entre junho de 1982 e novembro de 1990. 


Nos dias seguintes, Chikatilo confessou mais vinte assassinatos que não estavam relacionados ao caso. E em dezembro de 1990, Andrei levou a polícia ao corpo de Aleksey Khobotov, um menino que ele confessou ter matado em agosto de 1989 e que havia enterrado nos arredores de um cemitério de Shakhty. Mais tarde, ele levou os investigadores aos corpos de duas outras vítimas que ele confessou ter matado.  

 

Três das cinquenta e seis vítimas que Chikatilo confessou ter matado não puderam ser encontradas ou identificadas, mas ele foi acusado de matar cinquenta e três mulheres e crianças entre 1978 e 1990. Ele foi mantido na mesma cela em Rostov onde foi detido em 20 de novembro para aguardar julgamento.  






reconstituição dos crimes

Floresta de Rostov

Chikatilo foi levado a julgamento em Rostov no dia 14 de abril de 1992, acusado de cinquenta e três assassinato, além de cinco acusações de agressão sexual contra menores cometidas quando ele era professor. Ele foi julgado no Tribunal Número 5 do Tribunal Provincial de Rostov, perante o juiz Leonid Akubzhanov.  

 

O julgamento de Andrei foi o primeiro grande evento de mídia da Rússia pós-soviética. Pouco depois de sua avaliação psiquiátrica no Instituto Serbsky, os investigadores realizaram uma entrevista coletiva na qual uma lista completa dos crimes de Andrei foi divulgada à imprensa. 

 

A mídia viu Andrei Chikatilo pela primeira vez no primeiro dia de seu julgamento, quando ele entrou em uma jaula de ferro construída especificamente em um canto da sala do tribunal para protegê-lo do ataque dos parentes enfurecidos e histéricos de suas vítimas.  



Julgamento de Andrei 



Nas primeiras semanas do julgamento de Chikatilo, a imprensa russa publicou regularmente manchetes exageradas e muitas vezes sensacionalistas sobre os assassinatos, referindo-se a Andrei ser um "canibal" ou "maníaco" e a sua semelhança física com um indivíduo demoníaco de crânio raspado. 


Os primeiros dois dias do julgamento foram dedicados ao juiz lendo as longas listas de acusações contra Andrei. Cada assassinato foi discutido individualmente e, em várias ocasiões, os parentes presentes no tribunal caíram em prantos ou desmaiaram quando os detalhes do assassinato de seus filhos foram revelados.  

 

Depois de ler a acusação, o juiz anunciou aos jornalistas presentes no tribunal sua intenção de realizar um julgamento aberto, afirmando que: "Que este julgamento pelo menos nos ensine algo, para que isso nunca aconteça em nenhum momento ou lugar novamente". O juiz então pediu a Andrei que se levantasse, se identificasse e fornecesse sua data e local de nascimento. Chikatilo obedeceu, embora essa fosse uma das poucas trocas civis entre o juiz e Andrei.  

 

Chikatilo foi inicialmente questionado em detalhes sobre cada acusação. Respondendo a perguntas específicas sobre os assassinatos, ele frequentemente dava respostas desdenhosas a perguntas sobre a natureza dos ferimentos, sobre sua aparente indiferença quanto ao estilo de vida e gênero das vítimas e locais dos crimes. Ele só ficou indignado quando foi acusado de roubar bens pessoais das vítimas, ou os órgãos que não foram encontrados nas cenas dos crimes.  

 

Em dado momento Andrei passou a resmungar, a rasgar as próprias roupas, e a mostrar o pênis para a multidão que estava presente em seu julgamento. Além disso, passou a xingar e a dizer obscenidades contra o juiz. 

 

Conforme o julgamento avançava, seu comportamento tornava-se cada vez mais ultrajoso. E chegou ao ponto de Andrei declarar que estava grávido e lactando, e acusou os guardas de golpeá-lo de forma deliberada no abdômen com o intuito de machucar seu bebê. 

 

Esse comportamento selvagem e bizarro era - como algumas pessoas pensavam - uma tentativa calculada de se provar louco, mas, a tática falhou. E o julgamento foi adiado. 

 

Quatro especialistas psiquiátricos do Instituto Serbsky também testemunharam sobre os resultados de uma análise comportamental que realizaram em Andrei em maio de 1992, após o adiamento inicial do julgamento. Todos testemunharam que seu comportamento no tribunal contrastava de maneira impressionante com seu comportamento em sua cela, e determinaram que o episódio no tribunal era de fato uma tentativa calculada de obter a absolvição por insanidade. 

 

No dia 14 de outubro de 1992, o tribunal se reuniu novamente para ouvir a sentença formal (esta sentença não terminaria até o dia seguinte). O juiz começou a sentenciar anunciando que Andrei Chikatilo era culpado de cinquenta e dois dos cinquenta e três assassinatos pelos quais havia sido julgado. Ele foi condenado à morte por cada crime.  

 

Andrei também foi considerado culpado de cinco acusações de agressão sexual cometidas durante os anos em que trabalhou como professor na década de 1970. Ao recitar suas conclusões, o juiz leu novamente a lista de assassinatos, antes de criticar tanto a polícia quanto o Ministério Público por vários erros na investigação que permitiram que Andrei Chikatilo permanecesse livre até 1990.  

 

E em 15 de outubro, Andrei Chikatilo foi formalmente condenado, e o juiz Akubzhanov proferiu a decisão dizendo: "Levando em consideração os crimes horríveis de que ele é culpado, este tribunal não tem outra alternativa senão impor a única sentença que ele merece. Por isso, condeno-o à morte." 

 

Andrei chutou o banco de sua jaula quando ouviu o veredito e começou a gritar insultos. No entanto, quando teve a oportunidade de fazer um discurso em resposta a sua sentença, permaneceu em silêncio. Chikatilo foi levado do tribunal para sua cela na prisão de Novocherkassk para aguardar sua execução. Ele interpôs recurso contra sua condenação na Suprema Corte da Rússia, mas o recurso foi rejeitado no verão de 1993.  

 

Após a rejeição de seu recurso ao Supremo Tribunal, Chikatilo interpôs um recurso final de clemência ao presidente Boris Yeltsin. O recurso final também foi rejeitado em 4 de janeiro de 1994.  

 

E em 14 de fevereiro de 1994, Andrei Chikatilo foi levado de sua cela no corredor da morte para uma sala à prova de som na prisão e foi executado com um único tiro atrás da orelha direita, também existem registros de que o tiro teria sido no crânio. De qualquer forma, o tiro foi fatal e Andrei foi enterrado em uma cova anônima no cemitério da prisão. 


Vítimas de Andrei

Vítimas de Andrei


Dica de filme

Sinopse: o filme se passa na União Soviética, no ano 1953 e registra a crise de consciência do agente secreto da polícia Leo Demidov, que perde status, poder e sua casa ao se recusar a denunciar a esposa Raisa, acusada de traição do país. Assim, Leo e Raisa unem forças ao General Mikhail Nesterov para encontrar um serial killer que captura jovens. Sua busca por justiça ameaça o acobertamento de todo um sistema imposto pelo rival psicopata de Leo, Vasili, que insiste em dizer que: "Não há crimes no paraíso".  

 

* as imagens utilizadas por esse artigo foram retiradas do "Google imagens".

Fontes de pesquisa:

  • Livro "Anatomia do Mal - O dossiê definitivo sobre assassinos em série"
Ficha Técnica do livro
  • Título: Anatomia do Mal - O dossiê definitivo sobre assassinos em série
  • Autor: Harold Schechter
  • Editora: DarSide Books
  • Ano de publicação: 2013
Link para comprar o livro: https://amzn.to/3els6mB

https://en.wikipedia.org/wiki/Andrei_Chikatilo

https://www.youtube.com/watch?v=Jydz5G0Tpds&t=875s&ab_channel=ZUROCK-SerialKillers

https://murderpedia.org/male.C/c/chikatilo-photos-bn.htm

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/andrei-romanovich-chikatilo-o-psicopata-do-partido-comunista-na-antiga-urss.phtml

https://pt.wikipedia.org/wiki/Holodomor

https://www.historiadomundo.com.br/idade-contemporanea/holodomor.htm


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Por Thainá Bavaresco.

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