Ronald Gene Simmons - Um Massacre de Natal
A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: assassinato em massa, estupro, violência contra a criança, e abusos físicos e psicológicos. Não é indicada para pessoas sensíveis e é recomendada para maiores de 18 anos.
Ronald Gene Simmons nasceu em 15 de julho de 1940, na cidade de Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Era filho único do casal Loretta e William Simmons.
A infância de Ronald se tornou caótica a partir de seus quase 3 anos de idade, pois em 31 de janeiro de 1943, seu pai, William Simmons morreu vítima de um derrame.
Após essa grande perda, sua mãe Loretta precisou se desdobrar para conseguir sustentar o filho e cuidar de tudo sozinha. Porém, cerca de um ano após a morte de William, Loretta conheceu e se apaixonou por um engenheiro civil do Exército dos EUA, o senhor William D. Griffen.
Eles rapidamente se casaram, mas a inconstância no local de trabalho de William levou a família a morar em diversos lugares, sua primeira transferência ocorreu em 1946, quando a família Simmons-Griffen mudou-se para Little Rock, no condado de Pulaski, e após essa, houve diversas outras transferências que levaram a família para o centro do Arkansas na década seguinte.
Provavelmente essa inconstância de vida levou Ronald a se tornar uma pessoa solitária, ainda mais se levarmos em conta o fato de que ele sempre foi filho único, pois Loretta não teve filhos com o seu segundo marido.
Aos 17 anos, Ronald decide abandonar os estudos e sai da escola, mas, logo em seguida ingressa na Marinha dos EUA, mais precisamente, no dia 15 de setembro de 1957. Sua primeira estação foi na Base Naval de Bremerton, em Washington. Nessa mesma época, Ronald conheceu Bersabe Rebecca Ulibarri, mais conhecida como “Becky”.
Eles se apaixonaram e em 1958 tiveram o seu primeiro filho, o qual deram o nome de Ronald Gene Simmons Jr. Após o início da família com a chegada do primogênito, Ronald e Becky decidem oficializar a união se casando em 09 de julho de 1960 no Novo México.
Dois anos depois, em outubro de 1963 tiveram a sua segunda filha, Sheila, e em 1964, nasce Willian, o terceiro filho do casal, e, nos próximos anos tiveram mais quatro filhos, totalizando 7 filhos de Ronald e Becky.
Desde que Sheila (a segunda filha do casal) tinha por volta de 3 a 4 anos é presumido que Ronald molestava sua filha, e esse foi provavelmente um dos motivos que levou Ronald a deixar a Marinha, pois segundo o próprio, ele gostaria de se "dedicar a família".
Mas, aproximadamente dois anos depois de deixar a Marinha, Ronald acaba ingressando nas Forças Aéreas dos Estados Unidos. Durante sua carreira militar que durou 22 anos, Ronald foi premiado com a Estrela de Bronze, a Cruz da República do Vietnã por seus serviços como aviador e a Faixa da Força Aérea por excelente pontaria. Ronald se aposentou em 30 de novembro de 1979, como sargento-mor.
Em 1981 os boatos de que Ronald estuprava a sua filha Sheila se intensificaram, pois ela tinha 17 anos, estava grávida e tudo indicava que Ronald também era o pai do bebê que ela estava gerando.
Em 3 de abril de 1981, o Departamento de Serviços Humanos de Cloudcroft, no Novo México, iniciou oficialmente uma investigação para apurar as alegações de estupro e averiguar se Ronald de fato era o pai do filho que Sheila esperava.
As investigações foram realizadas ao longo do ano e Ronald respondeu por tudo em liberdade, porém, no final de 1981, para evitar uma possível prisão, Ronald fugiu com a família para Ward, Arkansas, no condado de Lonoke, mas não permaneceu ali por muito tempo, fugindo para o condado de Pope, em Dover no ano de 1983.
Foi nesse local que a família fixou residência em um terreno relativamente grande, o qual ficaria conhecido como “Mockingbird Hill”. A residência foi construída com duas casas móveis unidas para comportar toda a família e foi cercada de forma improvisada. A casa não tinha telefone, energia elétrica ou encanamento para banheiro e água.
Para fins de suprir a necessidade de saneamento básico, Ronald e os filhos acabaram cavando três fossas grandes para que as necessidades básicas fossem descartadas ali. Mas o pior de tudo é que essas fossas seriam utilizadas por Ronald, para um fim terrível alguns anos depois.
Nesse meio tempo a filha de Sheila havia nascido e o nome escolhido para a bebê foi Sylvia, ficou comprovado que Ronald era o pai/avô da criança e é dito que durante todo o tempo em que Sheila morou com os pais, Ronald estuprava a filha.
Ronald e a família passaram a viver de forma bem precária após a fuga, um militar de carreira que nunca havia trabalhado em outro seguimento passou a fazer bicos e a trabalhar de maneira informal, com baixa remuneração.
O único emprego fixo que ele havia conseguido até então foi na Woodline Motor Freight, como balconista, mas Ronald acabou sendo demitido após diversos relatos de assédio sexual e atitudes inadequadas no ambiente de trabalho. Depois disso ele foi trabalhar no Sinclair Mini Mart por aproximadamente um ano e meio antes de pedir demissão em 18 de dezembro de 1987.
Durante todos esses anos Ronald se tornou cada vez mais violento, amargo e sem qualquer tipo de higiene. Existem evidências que indicam que ele espancou sua esposa Becky por pelo menos duas vezes, pois, após Ronald Jr., e Sheila saírem de casa para construir suas famílias, Becky teria planejado fugir com os outros filhos algumas vezes. Isso ficou mais evidente quando foi encontrada uma carta que Becky teria enviado ao seu filho mais velho pouco tempo antes do massacre da família Simmons acontecer.
Após a demissão de Ronald em 18 de dezembro de 1987 ele passou a desenvolver um plano para se vingar de todos que queriam "mexer com ele". E na manhã do dia 22 de dezembro do mesmo ano, Ronald assassinou sua esposa Becky e seu filho mais velho, Ronald Jr., de 29 anos, espancando-os com um pé de cabra e atirando neles com uma pistola calibre 22. Seu filho mais velho estava na casa para o Natal e estava acompanhado de sua filha Bárbara de 3 anos de idade. Ronald matou a neta por estrangulamento. Após os assassinatos, Ronald jogou os corpos de sua esposa, filho e neta em uma das fossas da casa.
Mais tarde, no mesmo dia, o ônibus escolar de Dover deixou as crianças mais novas dos Simmons em sua casa. Com base na investigação da cena do crime, acredita-se que as crianças Simmons Loretta de dezessete, Eddy, Marianne e Rebecca, de quatorze, onze e oito anos foram separadas e mortas individualmente, por estrangulamento e/ou afogamento em um barril de água de chuva. Seus corpos também foram encontrados em uma das fossas cavadas no terreno da casa.
Os outros filhos de Becky e Ronald foram convidados para um jantar depois do Natal no dia 26 de dezembro de 1987. William H. Simmons II, de 23 anos, sua esposa de 21, Renata May Simmons, e seu filho de 1 ano e 6 meses, foram provavelmente os primeiros a chegar. William e Renata foram baleados e seus corpos foram deixados ao lado da mesa da sala de jantar, cobertos com seus próprios casacos e algumas roupas de cama. A criança foi morta e colocada no porta-malas de um carro atrás da casa dos Simmons.
Os próximos a chegarem na casa foram Sheila, de 24 anos, e seu marido, Dennis Raymond McNulty, de 33 anos, bem como seus filhos, Sylvia, de sete anos (filha de Sheila e seu pai Ronald) e Michael, de quase 2 anos de idade. Sheila foi baleada e seu corpo foi colocado na mesa da sala de jantar, coberto com uma toalha. Ronald também atirou em Dennis e estrangulou Sylvia e Michael em seguida. O corpo de Michael também foi colocado no porta-malas de outro carro estacionado na propriedade.
Mais tarde, naquele mesmo dia, Ronald se dirigiu até Russellville, uma cidade vizinha, onde parou em uma loja da Sears e pegou alguns presentes de Natal que Becky havia encomendado para os filhos e netos. Mais tarde naquela noite, ele dirigiu até um clube na cidade e bebeu como se nada tivesse acontecido.
Na segunda-feira, 28 de dezembro de 1987, Ronald voltou a Russellville, dirigindo o carro de seu filho mais velho, Ronald Jr., e comprou uma segunda arma no Walmart.
Sua próxima parada foi o escritório de advocacia onde já havia conhecido a secretária Kathy Cribbins Kendrick. Ronald estava apaixonado por Kathy, mas ela o rejeitou. Depois de entrar no escritório, ele atirou e a matou.
Em seguida, ele foi ao escritório de uma empresa petrolífera, onde pretendia matar o proprietário, Russell "Rusty" Taylor. Taylor também era proprietário do Sinclair Mini Mart, do qual Ronald havia se demitido recentemente. Ele atirou em Taylor antes de matar outra pessoa no prédio chamada James David Chaffin (James foi a única vítima falecida que não era um alvo de Ronald). Outro funcionário do prédio foi baleado, mas não foi morto.
Em seguida Ronald se dirigiu até a Sinclair Mini Mart, onde atirou e feriu Roberta Woolery e David Salyer. Sua última parada foi na empresa Woodline Motor Freight. Ronald localizou sua ex-supervisora, Joyce Butts, atirando em sua cabeça e peito. Ele então ordenou que Vicky Jackson, uma funcionária do local ligasse para a polícia. Quando os oficiais chegaram, Ronald entregou sua arma e se rendeu sem qualquer resistência.
Toda a ação de Ronald levo cerca de 40 minutos. Duas pessoas foram mortas e outras quatro ficaram feridas.
Após sua prisão em flagrante, Ronald confessou o crime e avisou aos policiais que havia mais vítimas em sua casa. Em seguida ele foi enviado ao Hospital Estadual do Arkansas para uma avaliação psiquiátrica, a qual atestou que Ronald não sofria de qualquer condição psicológica, estando em pleno gozo de suas capacidades mentais, o que o tornou capaz de ser julgado.
Robert E. “Doc” Irwin e John Harris foram nomeados pelo tribunal para representar Ronald. O promotor foi John Bynum acusou Ronald duas vezes em processos separados, um processo para apurar os assassinatos ocorridos em 28 de dezembro de 1987 e outro para apurara os assassinatos ocorridos na residência dos Simmons.
A seção plenária do júri para o primeiro julgamento de Ronald levou menos de seis horas e ele foi considerado culpado em 12 de maio de 1988, no Tribunal do Condado de Franklin pelas mortes de Kendrick e Chaffin.
Em 16 de maio do mesmo ano, o juiz John Samuel Patterson condenou Ronald à sentença de morte por injeção letal e mais 147 anos de prisão. Ronald recusou todos os direitos de recurso.
Em 10 de fevereiro de 1989, Ronald também foi considerado culpado de outras quatorze acusações de homicídio pelas mortes dos membros de sua família, no Tribunal do Condado de Johnson, sob a presidência do juiz Patterson.
Durante o plenário, o promotor John Bynum ofereceu uma possível motivação para o cometimento dos crimes, quando apresentou um bilhete sem data que foi descoberto em um cofre no banco de Russellville após a prisão de Ronald, no qual deixava clara a relação problemática que ele tinha com sua filha Sheila. Ronald sentia raiva da filha por ter saído de casa e a culpava por não poder manter os abusos que cometeu durante toda a vida dela.
"Você me destruiu, você destruiu minha confiança em você e eu te verei no inferno"
Depois que o juiz considerou o bilhete admissível, Ronald atacou o promotor, preferindo-lhe um soco no rosto, e depois lutou, sem sucesso, pela arma de um dos guardas. Os policiais o levaram para fora do tribunal acorrentado. Ronald foi condenado à pena de morte por injeção letal e a data para a sua execução foi marcada para o dia 16 de março de 1989. Ele novamente renunciou a todos os direitos de apelação.
A repórter da KTHV, Anne Jansen, conduziu uma série de entrevistas com Ronald em fevereiro de 1989. E em 1º de março de 1989, Ronald foi considerado competente para renunciar a seus direitos de apelar de sua condenação. No entanto, o processo Whitmore v. Arkansas desafiou esse direito.
O reverendo Louis Franz e Jonas Whitmore argumentaram que Ronald, ao usar seu direito de recusar apelação, na verdade colocava em risco os direitos de apelação de outros presos no corredor da morte. Por 7 votos a 2, os juízes da Suprema Corte rejeitaram este recurso; no entanto, os processos judiciais em curso impediram a execução de Ronald na data prevista.
Somente em 31 de maio de 1990, o então governador Bil Clinton assinou o segundo mandado de execução de Ronald para 25 de junho de 1990. A pena de morte de Ronald contando a data de sua sentença até sua execução foi a mais rápida na história dos Estados Unidos desde que a pena de morte foi restabelecida em 1976.
Nesse período Ronald recusou todos os visitantes, incluindo seus advogados. No dia de sua execução, suas últimas palavras foram: “Justiça adiada finalmente feita é homicídio justificável”. Nenhum membro da família reivindicou o corpo, então Ronald foi enterrado como indigentes no Lincoln Memorial Lawn, em Varner (Condado de Lincoln).
Vítimas de Ronald |
Fontes de pesquisa:
https://allthatsinteresting.com/ronald-gene-simmons
https://en.wikipedia.org/wiki/Ronald_Gene_Simmons
https://aymag.com/murder-mystery-lambs-to-the-slaughter-part-2/
https://murderpedia.org/male.S/s1/simmons-ronald-gene.htm
https://encyclopediaofarkansas.net/entries/ronald-gene-simmons-3731/
Indicação de vídeo sobre o caso
https://www.youtube.com/watch?v=kjPSa00zYgM&ab_channel=Geisiele%21
Cartas citadas no post e Condenação de Ronald
https://murderpedia.org/male.S/s1/simmons-ronald-gene.htm
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Por Thainá Bavaresco.
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