Leonarda Cianciulli - A Canibal de Correggio

A história a seguir contém descrições de crimes extremamente violentos: assassinato em série, decapitação, esquartejamento e canibalismo. O caso também aborda questões psicológicas como tentativa de suicídio e aborto. Não é indicado para pessoas sensíveis e é recomendado para maiores de 18 anos. 

"Ela acreditava que, para poupar seu filho, precisaria sacrificar outra vida. Mas para garantir, Leonarda sacrificou três." 

 

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Mensagem da autora: inicialmente preciso dizer que esse caso tem muitas inconsistências nas informações e questões místicas que possivelmente se deu a partir de histórias contadas como lendas. Tentei reunir aqui as informações mais realistas, mas deixei indicação de vídeos ao final, para que vocês possam se aprofundar nas teorias sobre o caso. 

 

Boa leitura!


Leonarda Cianciulli, nasceu em 18 de abril de 1894, em Montella, Avellino, na Itália. 


Era filha de Serafina Marano, e não encontrei informações sobre quem foi seu pai, além disso, existem especulações sobre Leonarda ser fruto de um estupro, mas isso nunca foi confirmado.


O que se sabe é que a infância de Leonarda foi bem difícil, pois sua mãe a rejeitava, a maltratava e de acordo com algumas fontes de pesquisa, Serafina teria "amaldiçoado" a própria filha, prometendo a ela uma vida de sofrimento. 


O resultado dessa infância caótica e negligenciada foi Leonarda ter um estado psicológico instável em uma época em que não se falava sobre terapia, e, durante sua juventude Leonarda tentou se suicidar por três vezes. 


Rumores sugerem que após esses episódios a relação de Leonarda com a mãe só piorou, pois Serafina passou a humilhá-la ainda mais, afirmando que ela "não servia nem para morrer". 


Em 1917, Leonarda se casou com um escriturário chamado Raffaele Pansardi. O casamento repentino trouxe ainda mais problemas na relação com sua mãe que não aprovava a união, pois planejava casá-la com outro homem.  



Leonarda contou posteriormente que nesse momento sua mãe a amaldiçoou mais uma vez, dizendo que eles não seriam felizes e não conseguiriam ter filhos. Em 1921, o casal se mudou para a cidade de Laurita, na província de Potenza, cidade natal de Raffaele, onde o mesmo foi condenado e preso por fraude em 1927.  


Quando Raffaele foi solto, o casal se mudou para uma comuna chamada Lacedonia, na província de Avellino, porém, em 1930 a casa em que moravam foi destruída pelo terremoto de Irpinia, o evento causou cerca de 1.404 mortes e estima-se que entre 4.624 e 7.000 pessoas ficaram feridas. 

 

Terremoto de Irpinia de 1930 
Terremoto de Irpinia de 1930

Após o terremoto o casal se mudou novamente, dessa vez para Correggio, na província de Reggio Emilia. Esse foi o local em que eles finalmente se sentiram em casa. Leonarda abriu uma pequena loja na atual comuna italiana e era muito popular e respeitada na vizinhança. 


Mas a vida por lá também não foi fácil, Leonarda teve dezessete gestações durante seu casamento, mas perdeu três dos filhos por abortos espontâneos. Outros dez de seus filhos morreram na juventude sem qualquer causa provada. Consequentemente, Leonarda passou a proteger excessivamente os seus quatro filhos sobreviventes.  


Com tantas tragédias em sua vida, Leonarda decidiu se consultar com uma cigana que lia mãos para saber se sua sorte mudaria daqui para frente, pois anos antes uma cartomante havia a alertado que ela se casaria e teria filhos, mas que todos os seus filhos morreriam jovens. Dessa vez a cigana disse o seguinte: "uma das mãos me diz que você acabará sendo presa. A outra diz um asilo para criminosos... será um ou outro". 


Tal afirmação deixou Leonarda ainda mais aflita. E tudo se intensificou em 1939, quando ela soube que seu filho mais velho e preferido, Giuseppe, ingressaria no Exército Real Italiano para lutar na Segunda Guerra Mundial, que se estendeu até 1945. 


Diante desse cenário, Leonarda se viu ainda mais determinada a proteger seu filho da guerra, e chegou à conclusão de que a segurança dele exigia sacrifícios humanos. "Ela acreditava que, para poupar seu filho, precisaria sacrificar outra vida. Mas para garantir, Leonarda sacrificou três." 


As três vítimas de Leonarda passavam por questões financeiras, emocionais e buscavam por oportunidades. Para elas, Leonarda queria apenas ajudá-las a conquistar seus objetivos. E como Leonarda era muito conhecida e amável, nenhuma delas desconfiaria que na verdade a vida delas corria perigo. 

 

Vítimas de Leonarda

Faustina Setti foi a primeira vítima de Leonarda, ela era uma mulher solitária, solteira e que estava à procura de um marido. Leonarda contou a ela sobre um possível parceiro que morava em Pola, em uma outra comuna italiana. Ela a incentivou a encontrá-lo e a escrever cartas para parentes e amigos informando que ela se mudaria.  


As cartas deveriam ser enviadas por correio quando Faustina chegasse a Pola, para avisar que tudo estava bem. Preparando-se para sua partida, Faustina passou na loja de Leonarda para se despedir e agradecer. Nesse momento Leonarda ofereceu uma bebida à Faustina para que brindassem à boa sorte na nova cidade. 


A bebida estava batizada com algum tipo de sonífero e assim que Faustina perdeu a consciência, Leonarda pegou um machado e a matou. O golpe foi tão forte que Leonarda quase a degolou naquele momento.  


Após o assassinato, Leonarda arrastou o corpo de Faustina para um armário, onde a cortou em nove partes, recolhendo o sangue numa bacia. Leonarda descreveu o que aconteceu em detalhes através de um depoimento oficial após a sua prisão, e disse o seguinte: "Joguei os pedaços em uma panela, acrescentei sete quilos de soda cáustica, que havia comprado para fazer sabão, e mexi a mistura até que os pedaços se dissolvessem em um mingau grosso e escuro que despejei em vários baldes e esvaziei em uma fossa séptica próxima. Quanto ao sangue da bacia, esperei que coagulasse, sequei no forno, moí e misturei com farinha, açúcar, chocolate, leite e ovos, além de um pouco de margarina, amassando todos os ingredientes. Fiz muitos bolos crocantes para chá e servi para as senhoras que vieram me visitar, mas Giuseppe e eu também os comemos." 


A segunda vítima de Leonarda foi Francesca Soavi, a qual buscava por uma oportunidade de emprego. Leonarda disse a ela que havia uma vaga como professora em uma escola para meninas em Piacenza. Assim como no caso de Faustina, Leonarda a convenceu a escrever cartas para comunicar os amigos e familiares da possível mudança. 


No dia 05 de setembro de 1940, antes de Francesca embarcar para Piacenza, passou na loja de Leonarda para se despedir. Leonarda lhe ofereceu vinho drogado e a matou com um machado, após o assassinato Leonarda procedeu da mesma forma que fizera com Faustina. Esquartejou Francesca e fez sabão com os restos mortais da jovem. O sangue dela foi utilizado em biscoitos de chocolate com baunilha. 


A terceira e última vítima de Leonarda foi a viúva Virginia Cacioppo, uma ex soprano que teria cantado no La Scala, uma casa ópera em Milão, na Itália. Para ela, Leonarda afirmou ter encontrado um trabalho como secretária de um empresário teatral em Florença.  


O modus operandi foi o mesmo aplicado nos assassinatos das outras duas vítimas de Leonarda. Mas em 30 de setembro de 1940, após matar e esquartejar Virginia, Leonarda foi ainda mais sádica e declarou o seguinte após sua prisão: "Ela acabou na panela, como as outras duas... a carne dela era gorda e branca, quando derreteu, acrescentei um frasco de colônia, e depois de muito tempo fervendo consegui fazer um sabonete cremoso bem descente. Dei as barras aos vizinhos e conhecidos. Mas os bolos ficaram ainda melhores: aquela mulher era mesmo muito doce." 
  

ilustração sobre o caso de Leonarda

Além de toda a crueldade aplicada nos crimes, Leonarda vendia uma porção das receitas que fazia a partir dos cadáveres de suas vítimas, além de vender seus pertences pessoais, como roupas e sapatos. 


Foi a irmã de Virgínia que passou a investigar seu desaparecimento e encorajou a polícia a visitar Leonarda, a qual sabia ter sido a última pessoa a ver sua irmã. 


A polícia instaurou uma investigação para apurar o desaparecimento de Virginia e Leonarda confessou os assassinatos quase que imediatamente, fornecendo relatos detalhados dos sacrifícios humanos que havia feito para salvar seu filho da guerra.  


E completou dizendo que destruiu os cadáveres de seus sacrifícios por saponificação e atirou seus restos no canal Correggio. 


O julgamento de Leonarda começou em 12 de junho de 1946, e a acusação tentou encontrar uma justificativa para o cometimento de crimes tão terríveis, em uma das alegações foi levantada a hipótese de que talvez Leonarda os teria cometido por pura ganância, para vender os pertences das vítimas e as receitas macabras que fazia para ganhar dinheiro.  



Porém, Leonarda rebateu dizendo que seus assassinatos foram sacrifícios de sangue em memória de sua mãe morta, que além de amaldiçoá-la, teria aparecido em um sonho ameaçando tirar a vida de seus filhos, se em troca ela não derramasse sangue fresco e inocente.  



Durante o julgamento, Giuseppe que havia sobrevivido à guerra, precisou se apresentar, pois, para alguns era improvável que uma senhora pequena e gentil pudesse agir sozinha. Seja para manusear os machados que utilizava para cometer os assassinatos, ou as serras que utilizava no esquartejamento das vítimas.  


Porém, Giuseppe não tinha envolvimento com os crimes, ele na verdade só comeu parte das vítimas sem saber que alguns dos ingredientes utilizados nas receitas de sua mãe se tratavam na verdade, de sangue humano. 


Em 20 de julho de 1946, Leonarda foi considerada culpada pelos três assassinatos e condenada a trinta anos de prisão e três anos de internação em sanatório penal por triplo homicídio e destruição de cadáver. Também foi aplicada uma pena de multa por roubo dos pertences das vítimas, condenado Leonarda ao pagamento de 15.000 liras.  



Leonarda morreu de apoplexia cerebral no sanatório penal feminino em Pozzuoli, na província de Nápoles, no dia 15 de outubro de 1970. Ela foi enterrada no cemitério de Pozzuoli em uma tumba como indigente, no final do período de sepultamento, em 1975, ninguém reivindicou seu corpo e os restos mortais acabaram no ossário comum do cemitério da cidade. 


Vários artefatos do caso, incluindo a panela em que as vítimas foram fervidas, o martelo, a serra, a faca de cozinha, os machados, o cutelo e o tripé, que foram os instrumentos de morte usados por Leonarda, estão em exibição no Museu Criminológico de Roma desde 1949.  



Exibição do Museu Criminológico de Roma

Fontes de pesquisa:

Livro: "Damas Mortais"

Ficha Técnica do livro

  • Título: Damas Mortais
  • Autora: Jennifer Wright
  • Editora: DarkSide Books
  • Ano de Publicação: 2023



Vídeos sobre o caso



Terremoto de Irpinia de 1930  


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Por Thainá Bavaresco.

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