Heloísa Borba - A Viúva-Negra Procurada pela Interpol

A história a seguir contém descrições de crimes violentos como assassinato, além de abordar outros tipos penais. Não é indicada para pessoas sensíveis e é recomendada para maiores de 18 anos. 

Uma advogada brasileira que ficou conhecida por assassinar os seus maridos na década de 70 só poderia ter uma alcunha correspondente: Viúva-Negra. Heloísa procurava por homens mais velhos e ricos e herdava seus bens a cada morte. 



Resumo: Heloísa Borba Gonçalves, popularmente conhecida como Viúva-Negra, é uma advogada brasileira conhecida pelos seus quatro homicídios entre os anos de 1971 e 1993.  


Heloísa buscava por homens ricos e mais velhos, eles podiam ser divorciados, solteiros ou até viúvos, o importante era que possuíssem bens para que ela pudesse herdar quando tudo acabasse, e bom, o mais triste dessa história é que quando esses homens cruzavam seus caminhos com o da Viúva-Negra, seus destinos realmente mudavam para sempre. 



Heloísa Borba Gonçalves, nasceu no dia 13 de março de 1950, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Filha de José Gonçalves e Otavia de Borba Gonçalves, não se tem informações sobre como teria sido a infância de Heloísa. 

 

O que podemos afirmar com certeza é que a sua trajetória de crimes começou em 1971, quando Heloísa tinha apenas 21 anos de idade. A sua primeira possível vítima morreu em um acidente de carro na cidade de Taquara/RS a 70 quilômetros de Porto Alegre/RS. 


É provável que este tenha sido o primeiro crime encomendado por Heloísa, pois seu amante da época, o médico Guenter Joerg Wolf, morreu em condições suspeitas.  Cerca de 6 meses depois, Heloísa tentou o seu primeiro golpe ao registrar, em Porto Alegre, sua filha, Vitória como sendo filha do falecido médico. A família de Guenter teria contestado tal registro e ele nunca foi formalizado. 
 
Alguns anos depois, em 1977, Heloísa foi acusada de tentar matar o então marido, Carlos Pinto da Silva. Carlos era advogado e levou cinco tiros na porta do hotel onde o casal estava hospedado, na cidade de Salvador/BA.  
 
Ele sobreviveu e passou a acusá-la de encomendar a sua morte, pois Heloísa assistiu ao suposto assalto sem esboçar qualquer reação. Após o ocorrido e com as suspeitas de que teria arquitetado a morte do marido e com o histórico de tentar fraudar o registro de nascimento de sua filha, Heloísa se muda para a cidade do Rio de Janeiro, em maio de 1983. 

 

Recomeçando a vida em um novo estado, Heloísa se casa com o senhor Irineu Duque Soares, um homem de 41 anos, que morava sozinho em Ipanema e foi assassinado cinco meses após o matrimônio, em outra tentativa de assalto. Mais uma vez Heloísa estava com o seu companheiro e nada sofreu. 
 
Entre os anos de 1985 e 1990, ela se casou com mais três homens e nenhum deles sabia da existência um do outro. Além disso, Heloísa conseguiu finalmente fraudar o registro civil de seu filho Marcelo, o registrando como sendo filho de dois dos seus três maridos. O primeiro registro de nascimento de Marcelo foi realizado em 31 de julho de 1990, tendo como pai o empresário Nicolau Saad. E o segundo, em 13 de agosto de 1990, tendo o coronel Jorge Ribeiro como seu pai. 

 

Desde a morte de Irineu, oito anos se passaram até que outro marido de Heloísa viesse a falecer. Sua próxima vítima foi o empresário sírio Nicolau Saad, que tinha 71 anos de idade na época de sua morte, Saad foi encontrado morto em seu apartamento, no Leblon, em 29 de dezembro de 1991.  

 

Ele e Heloísa haviam se casado um ano e meio antes de seu assassinato, e, apesar de ela ter fornecido duas versões diferentes para a morte do marido, alegando se tratar "ou atropelamento, ou engasgo com suco de laranja", Heloísa herdou imóveis em bairros nobres no Rio de Janeiro em decorrência da sucessão dos bens de Saad. 
 
Um mês e meio após a morte de Nicolau Saad, outro marido de Heloísa veio a óbito. Se tratava de Jorge Ribeiro, um coronel do Exército, o qual foi assassinado em fevereiro de 1992 a marretadas. Jorge tinha apenas 54 anos e estava em seu escritório em Copacabana quando fora emboscado. 
 
Ainda em 1992, Heloísa seduziu um amigo de seu falecido marido, Nicolau Saad, se tratava do também libanês Wagih Elias Murad, que viveu com ela oito meses, antes de ser morto a tiros em maio de 1993, na Barra da Tijuca. Elias Murad tinha 84 anos de idade na época dos fatos. 

 

Elie Murad, filho de Elias Murad, acusou Heloísa de matar o pai, e cinco meses depois levou um tiro na nuca. Mas o detetive por ele contratado para investigar a morte do pai, Luiz Marques da Mota, infelizmente faleceu durante o ataque. 


Após a morte de seus maridos, Heloísa acumula um patrimônio de cerca de 20 milhões de reais e está oficialmente foragida desde 2004, mas desde as suposições de que teria assassinado Elias, Heloísa simplesmente desapareceu. 

 


Heloísa passou a ser procurada pela polícia e teve sua foto estampada no Disque-Denúncia do país. De acordo com o coordenador Zeca Borges, o Disque-Denúncia ofereceu inicialmente um valor de R$ 2 mil por qualquer informação que pudesse ajudar a localizar a viúva-negra, mas os parentes das vítimas se disponibilizaram a aumentar o valor da recompensa e ofereceram R$ 11 mil por qualquer informação que leve a captura de Heloísa. 


 


Ainda de acordo com o Zeca Borges, em entrevista ao UOL, disse que: "As recompensas que nós oferecemos variam de R$ 2 mil, R$ 5 mil e raramente chegam a R$10 mil. Mas há casos particulares que familiares de vítimas nos procuram para oferecer uma recompensa maior. Nós concordamos e tivemos a autorização da Secretaria de Segurança”. 

 

Mesmo após os esforços, Heloísa segue foragida até os dias de hoje, são mais de três décadas fugindo da polícia brasileira. Em fevereiro de 2011, Heloísa entrou na lista de criminosos da Interpol e é procurada em 188 países. De acordo com informações obtidas através da Interpol, é provável que Heloísa reside nos Estados Unidos desde 1994. 

 


Na entrevista, Zeca Borges ainda concluiu que o Disque-Denúncia está em contato direto com a Interpol e que: “não fazemos nada sem o conhecimento da Interpol." 

 

Segundo Ulysses Serrado, coordenador do "Projeto Procurados" do Disque-Denúncia, as informações sobre possíveis locais de esconderijos de Heloísa no Brasil apontam que ela possa estar no Rio Grande do Sul, Paraná, em bairros da Barra da Tijuca e Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, e em Icaraí, Niterói, o que contraria as informações de que talvez, Heloísa resida na Flórida, nos EUA. 

 

Segundo o delegado da Interpol no Rio de Janeiro, senhor Paulo Ricardo Oliveira, o caso de Heloísa é complexo, pois ela é acusada de cometer quatro homicídios e duas tentativas de assassinato, além de praticar crimes como bigamia, falsidade ideológica e ter acumulado um patrimônio milionário. 

 

Além disso, a dificuldade de encontrá-la se deve às variações de nomes que ela utiliza para não ser rastreada. Segundo a Interpol, Heloísa estaria utilizando pelo menos oito identidades, com alterações de seus sobrenomes. Alguns dos nomes que ela possa estar utilizando são: Heloísa Saad, Heloísa Gonçalves Duque Soares Ribeiro e Heloisa Gonçalves Duque Soares. 

 

O delegado da Interpol conclui que: “Ela tem conseguido permanecer foragida em razão da utilização de oito nomes falsos, além de possuir considerável capacidade financeira e ter familiares morando no exterior”. 

 

De acordo com notícias mais recentes de seu paradeiro é possível afirmar que Heloísa vive nos Estados Unidos, e já esteve nos seguintes lugares do país: Califórnia, Nova York, Virgínia e teria sido vista em maio de 2010 na Flórida. A polícia internacional afirma estar em contato com o FBI, a polícia federal norte-americana, e demais agências de segurança nos EUA. 

 

Mesmo estando foragida desde 1993, Heloísa foi formalmente denunciada em 2004 pelo Ministério Público do Rio de Janeiro pelo envolvimento na morte de um dos seus ex-maridos, o coronel Jorge Ribeiro. Ela também já foi condenada a 12 anos de prisão pelos crimes de bigamia, fraude e falsidade ideológica, mas ainda não fora encontrada para cumprir a pena.  

 

Após faltar a cinco julgamentos no 1º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, Heloísa Borba Gonçalves poderá ser condenada mesmo com sua ausência, pois, o julgamento dos crimes pode acontecer em decorrência da Lei 11.689/2008, popularmente conhecida como "Lei da Cadeira Vazia", a qual prevê a possibilidade de o procedimento do júri ocorrer, ainda que o réu em liberdade não esteja presente. Conforme disposto no art., 457, da lei. 

 

"Art. 457.  O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. 

§1º Os pedidos de adiamento e as justificações de não comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. 

§2º Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor." 

 

Ainda assim, o caso segue sem resolução e o paradeiro da Viúva-Negra ainda é desconhecido. Vale ressaltar aqui, que em algum momento de sua vida, Heloísa cursou a faculdade de Direito e se tornou advogada. Não encontrei informações concretas sobre uma efetiva atuação enquanto operadora do direito. 

 

Fontes de pesquisa:

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2021/07/17/elefantinha-viuva-negra-chefona-chefinha-conheca-outras-procuradas-no-rj-apos-a-morte-da-traficante-hello-kitty.ghtml

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/05/20/foragida-ha-tres-decadas-viuva-negra-brasileira-e-procurada-pela-interpol.htm

https://istoe.com.br/136142_A+CACA+DA+VIUVA+NEGRA/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Vi%C3%BAva_Negra_(criminosa)

https://www.uol.com.br/splash/noticias/2023/06/16/quem-e-viuva-negra-procurada-interpol.htm

https://www.procurados.org.br/procurado/viuva-negra

https://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2010/06/viuva-negra-acusada-de-matar-dois-maridos-esta-foragida-da-justica.html

https://redeglobo.globo.com/novidades/noticia/linha-direta-apresenta-a-viuva-o-caso-da-mulher-procurada-pela-interpol-e-impune-ha-mais-de-50-anos.ghtml

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/08/12/procurada-interpol-nos-eua-viuva-negra-negociou-imovel-rj.htm

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/analise-de-caso-viuva-negra/1127089172

Perfil na Interpol 

https://www.interpol.int/How-we-work/Notices/Red-Notices/View-Red-Notices#2018-89732


- O Caso de Heloísa Borba Gonçalves é citado na página 313 do livro Lady Killrs, da Darkside Books.

Ficha Técnica do livro

  • Título: Lady Killers - Assassinas em Série
  • Autora: Tori Telfer
  • Editora: DarkSide Books
  • Ano de Publicação: 2019
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Por Thainá Bavaresco.

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