A Origem das Sociedades Secretas

Texto com conteúdo histórico. Indicado para pessoas curiosas que gostam de histórias surpreendentes, e é recomendado a todos os notáveis leitores/ouvintes do The Crime Brasil.

"Viver no mundo sem tomar consciência do significado do mundo é como vagar por uma imensa biblioteca sem tocar os livros."

Os ensinamentos Secretos de Todos os Tempos.



Mensagem da escritora: Hoje iniciaremos um novo Especial no The Crime, dessa vez sobre as Sociedades Secretas. É claro que não é possível falarmos sobre TODAS, então pensei em separar um tempo para pesquisar sobre as principais:

A Ordem dos Cavaleiros Templários;

A Sociedade Secreta dos Illuminati;

A Sociedade Secreta dos Maçons;

A Ordem da Sociedade Secreta Skull and Bones;

A Sociedade Secreta da Ordem Rosacruz;

A Sociedade Secreta Ku Klux Klan; e

A Sociedade Secreta da Ordem de São Hubertus.

Mas é importante que o primeiro episódio desse Especial seja sobre A Origem das Sociedades Secretas!

Se você nunca se perguntou como grupos secretos e poderosos que se auto intuam como por exemplo: "A Nova Ordem Mundial" surgiram, a hora de se questionar é essa!

Eu espero poder ajudar a esclarecer algumas das dúvidas que temos com esse Especial, tentei deixar de lado as teorias da conspiração bizarras que circundam o tema das Sociedades Secretas, para que possamos nos concentrar no que realmente importa. Mas, é imprescindível sabermos que, por se tratar de assuntos secretos, somente os membros dos respectivos grupos poderiam confirmar tudo.

Por isso é importante não absorver nada como verdade absoluta. Além disso, todas as fontes de pesquisa estão devidamente listadas ao final do texto.

Dito isso, acho que podemos começar!

As Sociedades Secretas são organizações ou associações de membros que utilizam elementos de sigilo, tais elementos podem ser iniciações secretas, rituais, juramentos, e/ou outros sinais de reconhecimento exclusivo, como cumprimentos secretos, por exemplo.

O termo "sociedade secreta" é amplo e pode ser aplicado a diversos tipos grupo, sejam fraternidades e irmandades universitárias, grupos como a Ku Klux Klan, Maçonaria, entre outros, como os que citei anteriormente.

"Sociedade Secreta" é uma expressão que também significa: "companheiro oculto", pois, sociedade é um substantivo feminino que se origina do Latim "socius", que quer dizer “companheiro”, significando originalmente “seguidor”. E secreta também é um substantivo feminino, mas que deriva de "segredo", também vem da palavra Latim "secretus", que significa “à parte, oculto, isolado”.

Agora que sabemos as definições gerais e originárias, é preciso nos aprofundarmos nos grupos secretos propriamente ditos. Para isso, precisamos partir do princípio de que quase toda sociedade secreta acredita na existência de um "Deus".

Pois todas estão ligadas a ritos religiosos e crenças sobre o bem e o mau, o céu e o inferno, desde as crenças do Egito Antigo ao cristianismo.

Entre as primeiras sociedades secretas das quais existem evidências históricas estavam as religiões misteriosas do antigo Egito, Grécia e Roma, que tinham ritos secretos, iniciações e revelações de sabedoria. Alguns destes eram o "culto de Dionísio", "Os guardiões dos mistérios de Elêusis e órficos", e a "Irmandade pitagórica".

Orfismo é um conjunto de crenças e práticas religiosas originárias do mundo grego helenista, bem como pelos trácios, associada com a literatura atribuída ao poeta mítico Orfeu, que reza a lenda, desceu ao submundo grego e voltou.

O foco central do orfismo é o sofrimento e a morte do Deus Dioniso nas mãos dos Titãs, o que constitui a base do mito central do orfismo. De acordo com esse mito, o Infante Dioniso é morto, dilacerado e consumido pelos Titãs. Em retribuição, Zeus atinge os Titãs com um raio, transformando-os em cinzas, e destas cinzas nasce a humanidade.

O Culto de Dionísio ocorreu em várias regiões da Grécia Antiga, chegando até Creta. Eram grandes festas ou encenações teatrais. A alegria, os prazeres da vida e os efeitos do vinho eram temas recorrentes nas festividades dionisíacas. Era comum também a oferenda de animais como coelhos e pássaros.

Os Pitagóricos trocavam conhecimentos sobre temas variados. Eram inteligentes, deviam entender ensinamentos e dar novas ideias. Doavam seus bens para a irmandade e não comiam carne. Juravam não revelar descobertas científicas da sociedade para o mundo. A pena para os desobedientes era a morte.

Outras sociedades secretas também surgiram na Babilônia, do antigo Egito da Pérsia e da Síria, onde os primeiros grupos de homens começaram a ter interesse em conhecer e desvendar os mistérios esotéricos, assim como utiliza-los com o propósito político.

A "caçada" fez com que essa busca pelo conhecimento esotérico fosse ambígua, pois, poderia os levar para o céu, ou para o inferno; para a luz ou para a escuridão; para a bondade ou para a maldade; das descobertas de conhecimentos para se alcançar as verdades divinas ou para manipular forças espirituais no plano físico.

Enquanto esses mistérios empregavam o sigilo para guardar as "verdades religiosas", outros grupos foram forçados a adotar um outro sigilo para escapar ou sobreviver à repressão e perseguição, pois, as crenças de determinados grupos poderosos passaram a ser impostas a todos, e, aqueles que não as seguiam, eram castigados.

Este foi o caso dos primeiros cristãos na Roma pagã e de vários outros grupos considerados hereges pela Igreja Católica Romana na Idade Média. Esses grupos eram tão difundidos que a Igreja criou a Inquisição para caçá-los e processar seus membros.

A Inquisição na Idade Média foi criada como um tribunal para julgar os crimes de heresia, recorrentes no século XIII. A instituição denominada de Inqusitio haereticae pravitatis, mais conhecida como Inquisição, foi criada pelo Papa Gregório IX, em 1233, por meio da bula Licet ad capiendos.

As guildas medievais recorriam a juramentos solenes de iniciação, e outros elementos secretos para proteção econômica. Ao longo da história, grupos revolucionários, subversivos e conspiratórios se organizaram secretamente, como no caso dos "Filhos da Liberdade" nas colônias americanas.

As Guildas Medievais representavam associações de profissionais como sapateiros, ferreiros, alfaiates, marceneiros, carpinteiros, artesãos, artistas, etc., durante o período da Idade Média, formadas hierarquicamente por mestres, oficiais e aprendizes.

A repressão dos movimentos liberais, nacionalistas e republicanos na Europa no século 19, por exemplo, produziu uma rede clandestina de sociedades secretas revolucionárias como a sociedade italiana Carbonari. Outros exemplos podem ser encontrados na sociedade feniana irlandesa e nos dezembristas da Rússia Imperial.

A própria existência de sociedades secretas muitas vezes provocou antagonismo e promoveu acusações de imoralidade, subversão e heresia. Tais alegações foram feitas contra os cultos misteriosos romanos e foram usadas para justificar a implacável supressão dos Cavaleiros Templários no início do século XIV, assunto que trataremos no próximo episódio.

Mas, a partir de várias histórias a respeito dos crescimentos dessas sociedades, podemos definir que qualquer sociedade secreta é composta por “iniciados”. Essas pessoas são aquelas que tiveram acesso aos “mistérios” desses grupos secretos, e acreditam que os segredos revelados ou descobertos por eles, não deveriam ser compartilhados com o mundo, pois o mesmo era composto por pessoas profanas e vulgares, que seriam incapazes de compreender esse “mistério”.

Assim, a principal fonte da tradição das sociedades secretas, sejam elas de cunho político, revolucionário ou religioso, é sem dúvida, a crença em um Deus.

Estrutura e Função das Sociedades Secretas

As sociedades secretas são, por sua própria natureza, compostas de pessoas presumivelmente orientadas para fins semelhantes. Essas extremidades costumam manifestar a característica que diferencia uma sociedade secreta de todas as outras; isto é, os fins são secretos. Além disso, a admissão como membro quase sempre envolve a obrigação explícita de preservar tal sigilo, e as penalidades por sua violação também são explicitamente declaradas.

A explicitação envolvida pode às vezes se aplicar apenas aos membros da sociedade, pois o sigilo pode ser tão completo que mesmo a existência de algumas sociedades não é revelada a estranhos; sociedades secretas revolucionárias, heréticas e igualmente subversivas são exemplos disso.

O mais comum nas sociedades secretas é o sigilo parcial, onde a existência da sociedade é publicamente reconhecida ou mesmo proclamada, como foi o caso da Ku Klux Klan nos Estados Unidos após a Guerra Civil Americana na década de 1920 e ao longo da era dos direitos civis nas décadas de 1950 e 1960.

Ao menos alguns dos fins são geralmente conhecidos, algumas das cerimônias da sociedade são realizadas abertamente, e a cooperação pública com outros grupos com fins fundamentalmente diferentes pode ocasionalmente ser realizada.

É claro que as sociedades secretas perderiam sua razão de existir se o sigilo fosse totalmente abandonado. Muitas organizações fraternais, por exemplo, mantiveram o sigilo de seus rituais até o século 21, embora, como no caso de fraternidades universitárias e irmandades, estes tenham sobrevivido em grande parte como formalidades.

Outras sociedades acadêmicas mais conhecidas por manter seus ritos e tradições são a Skull and Bones da Universidade de Yale e grupos semelhantes como a Ivy League.

Na maioria dos casos, o cerne do sigilo obrigatório encontra-se nas cerimônias da sociedade. A parte essencial disso raramente ou nunca é legitimamente conhecida por aqueles que não são iniciados.

Isso ocorre, a fim de garantir o conhecimento completo e exato desses fins por parte somente dos iniciados. Os rituais de um grupo tendem a enfatizar a repetição meticulosa e a guarda próxima. Eles são muitas vezes projetados para fornecer um forte apelo emocional, impressionando os membros com a gravidade da ocasião cerimonial e a autenticidade do conhecimento assim revelado.

Em muitas sociedades secretas, a cerimônia é feita de forma dramática e contém episódios retirados de livros sagrados, reverenciando lendas e episódios considerados de importância histórica crucial.

Frequentemente, os membros desempenham papéis em representações dramáticas da origem da sociedade e, em tal representação, o candidato à iniciação geralmente tem um papel fundamental. Por exemplo, o iniciado pode passar por uma jornada simbólica repleta de obstáculos e tentações e ao final dela receber a “verdade” ou sabedoria esotérica vista como propriedade característica da sociedade.

Nesse processo, objetos físicos como chaves, pilares, espadas, livros, globos ou bastões podem ser dotados de significado simbólico, de modo que sua exibição em ocasiões posteriores ajuda a restabelecer a suposta grandiosidade da cerimônia iniciática.

Muitas sociedades secretas operam através de um sistema de graus de patente ou privilégio, sendo os membros dessa sociedade promovidos progressivamente. Quanto maior o seu grau de importância no grupo, mais segredos lhe serão revelados e mais importante esse membro se torna.

A iniciação é, portanto, hierárquica; os membros dos níveis mais altos estão mais plenamente conscientes dos fins perseguidos pela sociedade do que os dos níveis mais baixos. Consequentemente, os segredos de reconhecimento são classificados.

Ou seja, embora normalmente haja um aperto de mão, senha, saudação cerimonial, que pode ser em forma de pergunta e resposta, frase esotérica ou jargão secreto, os próprios iniciados de postos inferiores podem não entender uma linguagem especial dos membros mais importantes hierarquicamente. Assim, a sociedade tem segredos dentro de segredos.

Aqueles mais plenamente iniciados fazem todos os esforços, pelo uso de nomes especiais, provações ou revelações, para se destacar, e estimular as classes inferiores ao esforço necessário para alcançar os graus mais elevados da sociedade.

A preservação diligente de segredos superiores serve a vários outros propósitos. Por exemplo, os iniciantes ficam impressionados com a necessidade do silêncio. Não é apenas este o caso, mas a arte de permanecer em silêncio sem ofender os companheiros em níveis inferiores é transmitida pelo exemplo direto.

Isso é especialmente importante quando a “verdade final” e os verdadeiros fins da sociedade são conhecidos apenas por aqueles nos graus mais avançados, e ainda mais quando, como em algumas sociedades, os líderes supremos permanecem desconhecidos para os níveis mais baixos.

Uma técnica essencial em tudo isso é que os segredos permaneçam não escritos, tanto quanto possível; eles devem, portanto, ser transmitidos verbalmente em uma espécie de situação de mestre-aluno.

Frequentemente a transmissão ocorre sob condições cerimoniais marcantes, reforçadas por juramentos de lealdade, juntamente com especificações detalhadas de punições terríveis aos traidores. Em muitas sociedades secretas modernas, tais punições raramente ocorre, mas houve casos de disciplina rigidamente imposta, especialmente em sociedades de tipo subversivo.

Os efeitos do segredo sobre a personalidade são muitos, mas entre eles pode-se listar o crescimento de um sentimento de fusão, de um “laço místico”, induzido pelo compartilhamento de segredos sob as circunstâncias cerimoniais apropriadas. Além disso, as pessoas iniciadas podem efetivamente adquirir normas ou padrões que estendem ou até substituem as normas da sociedade mais ampla da qual são aparentemente parte integrante.

Algumas sociedades secretas, de fato, reivindicam a personalidade total do membro, para que este seja totalmente devotado, mas o cumprimento dessa reivindicação nos dias de hoje me parece impossível.

Porém, algumas sociedades secretas, mesmo quando seus fins não são explicitamente subversivos, podem operar de maneira à par das leis mundanas. E é exatamente por isso que várias instituições se tornaram antagônicos das sociedades secretas, que muitas vezes se tornam alvos de acusações de traição, heresia, imoralidade, atividades ilegais ou fins indignos.

O antagonismo político com as sociedades secretas, é claro, e têm estado em evidência ao longo da história da humanidade, nos regimes totalitários, como o nazismo e o fascismo – onde todos os grupos não controlados pelo Estado são suprimidos ao máximo.

As sociedades secretas recrutadas nas classes altas são mais propensas a apoiar a ordem social existente do que a desafiá-la radicalmente; no máximo, visam a “regeneração moral” da sociedade mais ampla. Sociedades secretas extraídas das fileiras dos descontentes, no entanto, raramente estão livres de intenções subversivas e podem se tornar drasticamente revolucionárias, heréticas ou até criminosas, como a máfia.

Rituais e Cerimônias das Sociedades Secretas

Um relato dos rituais da sociedade secreta chinesa Hongmen, ou Tríade, pelo historiador JSM Ward indica algumas semelhanças nas oferendas cerimoniais de diferentes grupos.

De acordo com o relato de Ward, a sociedade Hongmen da China traça sua lendária fundação em 386 DC. Os rituais de Hongmen à medida que evoluíram mostraram uma mistura de ideais taoístas e budistas, ao mesmo tempo em que tinham curiosas analogias com o Livro dos Mortos egípcio e com certos “graus superiores” na Maçonaria Ocidental.

A cerimônia de iniciação simbolizava a jornada da alma através do submundo e do paraíso até a cidade sagrada dos deuses, chamada de Cidade dos Salgueiros. Atrelado à isso estava uma alegoria das experiências do requerente durante a busca da união com o Ser Supremo.

No que diz respeito às suas analogias com a Maçonaria, praticamente todos os incidentes importantes são encontrados em certos graus mais elevados na Inglaterra e nos Estados Unidos, enquanto a maioria dos sinais de mão são conhecidos por muitos maçons.

Assim, podemos dizer que muitas Sociedades Secretas podem ter referências idênticas em sua essência. E sobre cada uma delas falaremos nos próximos episódios dessa série, até semana que vem!

Fontes de pesquisa: 

DA CUNHA, Fernando Whitaker. Teologia e política no antigo Egito. Revista de Ciência Política, v. 3, n. 4, p. 71-88, 1969. 

 

Rei Salomão 

 

Artes sobre sociedades secretas 

 

Curiosidades interessantes 

https://www.bbc.com/portuguese/geral-57460948 



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Por Thainá Bavaresco.

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